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Chico “ôi” de gato.

4 de novembro de 2018

Marcos Pires

Chico veio de Patos para João Pessoa e sempre foi largo no gastar com os amigos. Selecionei algumas de suas histórias, que antes tive o cuidado de confirmar com mais de uma testemunha.

Ele possuía um Chevrolet Opala 6 cilindros, com motor 4.100, o automóvel mais caro do país na época e o que mais consumia combustível. Pois bem, toda vez que a gasolina aumentava de preço ele mandava secar o tanque e encher com o combustível a preço novo: “- Magnata, não sei usar carro, roupa nem gasolina antigos”.

Perguntassem que ano era seu carro? “- Magnata, em que ano estamos? ”. Consta que estava no restaurante Chaplin em Natal, na época o mais sofisticado e caro da cidade. Mesa cheia de convidados, pediu o cardápio. Ao receber o “livrinho” irritou-se: “- Não, amigo, eu não quero ler o cardápio, quero o cardápio todo”. E assim foi feito; serviram todas as entradas, pratos principais e sobremesas que a casa dispunha.

Nerivan me contou que estava em sua farmácia no início de uma semana santa. Chico chegou procurando pelos amigos comuns. Ao saber que haviam ido para a Praia da Pipa, convidou o Neri para acompanha-lo. Nerivan explicou que não poderia ir porque teria que faturar nos feriados para pagar duplicatas que venceriam na semana seguinte: “- Magnata, me faça um favor, some essas duplicatas todas e me diga quanto dá”. Pois é; meteu a mão no bolso e pagou. Dali partiu com Nerivan para uma boutique onde compraram roupas e em seguida chegaram em Pipa. À noite souberam que num município próximo estava havendo uma vaquejada e foram lá. Chico ia entrando com quatro caríssimas garrafas de uísque embaixo dos braços. O porteiro informou que era proibido entrar com bebida, mas garantiu que vendiam a mesma marca:”- Ah, meu amigo, se é assim está resolvido”. Ato continuo abriu os braços, deixando as garrafas se espatifarem no chão. Depois, muito bem acomodado na mesa principal, notou que o chão do ambiente era de terra batida e havia poeira no ar. À custa de uma polpuda gorjeta contratou dois dos garçons, que ficaram ao seu redor a noite inteira despejando grades de agua mineral no chão para evitar a poeira.

Tenho de Chico uma lembrança muito carinhosa, desde a maneira como tratava as senhoras (Madame) ao sorriso permanente no rosto. Tem gente assim, que não precisava morrer para se tornar bom. Chico era uma dessas pessoas. Já chegou no céu prontinho.

Eita saudade!

 

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