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COISA DO OUTRO MUNDO

17 de dezembro de 2018


Miguezim de Princesa
I
Na hora que João de Deus
Ia ser interrogado,
Deu um pipoco na luz,
Ficou escuro e nublado,
O computador pifou,
Espatifou-se o teclado.
II
O escrivão deu um pulo,
A delegada gritou,
Uma testemunha correu,
Um soldado se urinou,
Um gato deu um miado,
Um cachorro se enganchou.
III
Mesmo com o braço quebrado,
O escrivão escapou,
Um aleijado esperava
Pra buscar um isopor,
Jogou a bengala longe,
Correu que ninguém pegou.
IV
Um ladrão confessou tudo,
Nem precisou apanhar,
Uma prostituta velha,
Que tinha brigado no bar,
Agarrou-se com uma cruz
E começou a rezar.
V
João de Deus se levantou,
Com os olhos arregalados,
Na frente da delegada,
Apesar de algemado,
Deu uns três saltos mortais,
Foi parar do outro lado.
VI
Então disse a delegada:
“Já é grande o prejuízo,
Isso é coisa do outro mundo,
Quem quiser que bote o guizo,
Eu vou encerrar o feito,
Mande avisar ao prefeito,
Ao promotor escorreito,
Eu digo e bato no peito,
Que o réu tem o direito
De só falar em juízo!”.

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