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 Meus heróis.

30 de setembro de 2018

 Marcos Pires

Esses heróis que a história nos legou merecem meu respeito. Mas na minha idade e vivendo nesse Brasil catártico, não resta tempo para admirar quem arrisca a vida por uma ideia ou se martiriza por um sonho.

Meus heróis estão ali na esquina, no dia a dia. Às vezes quase famosos, tipo subcelebridades. Um exemplo recente é Marta, que ganhou pela sexta vez o título de melhor jogadora de futebol do mundo.

Marta joga numa seleção que há muito não sente o cheiro de títulos mundiais. Vale o registro de que futebol feminino no Brasil é praticamente desconhecido. Mas foi nesse contexto que ela se destacou. Também me motiva comparar Marta às tais “personalidades” do mundo da bola, como esse menino Neymar, muito bom de queda e de gastar. Só para definir o que digo; quem de vocês já ouviu dizer que Marta estava em baladas, namorava famosos ou ia e vinha pelo mundo a bordo do seu jatinho? Mas a minha heroína estava lá no palco da FIFA pela sexta vez com a mesma emoção e com a mesma simplicidade que caracterizam meu tipo de herói.

Também fazem meu tipo de heróis os corredores paraibanos da assessoria de corridas ZK, que no último domingo brilharam na Maratona de Buenos Aires.

Não porque correram bem, alguns baixando tempo e outros surpreendendo, como Mãe Leca, Otávio e Adelmar, que jamais haviam corrido mais de 21 Km. Só iriam correr meia prova, ou seja, dos 42 Km da Maratona eles só estavam preparados para a metade, mas num momento de total superação completaram todo o percurso. Aos que perguntavam como havia conseguido, Mãe Leca repetia Romário: “- Treino é treino, jogo é jogo”.

Isso é do esporte mesmo; ganhar, perder, completar ou não uma prova. O que diferencia atletas de heróis é que a organização da prova falhou e faltaram medalhas para os corredores que chegaram mais para o fim da prova. Foi naquele momento que nasceram meus novos heróis.

Me deu um orgulho danado, desses de encher os olhos d’agua, ver os atletas paraibanos veteranos de maratona, todos detentores de ótimos tempos, retirarem do peito suas medalhas e dá-las de presente aos atletas noviços que completavam pela primeira vez o percurso da Maratona.

Me diga, leitor, qual dos candidatos a qualquer cargo das próximas eleições seria capaz de um gesto desses?

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