opinião

A ESCOLA DA SANTA

12 de outubro de 2019

A ESCOLA DA SANTA

Maria José Rocha Lima
Eu estudei na Escola da Santa – Colégio Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador. É muito difícil encontrar um baiano pobre que nãotenha conhecido alguém ou que não tenha sido beneficiado direta ou indiretamente pelas obras de irmã Dulce. Em 1965, eu fui matriculada na Escola do Círculo Operário – Colégio Santo Antônio- para fazer o 1º ano de Ginásio. A minha querida mãe, Dona Terezinha, aflita para garantir a continuidade dos meus estudos em escola particular, no seu conceito, em uma boa escola, não tendo encontrando vaga em uma boa escola pública me matriculou na Escola do Círculo Operário, criado pela Santa Irmã Dulce. Uns Chamavam Escola Santo Antônio, outros Círculo Operário. O Colégio Santo Antônio era voltado para os operários e seus filhos e ficava no Largo de Roma, onde ela havia construído o COB (Circulo Operário da Bahia), fundante para o desenvolvimento de toda a sua Obra Assistencial. As escolas públicas de melhor qualidade eram disputadíssimas e a minha mãe foi orientada para me matricular na Escola da Irmã Dulce. Ali, estudei a 1ª série ginasial, no Colégio da Santa, pagando uma taxa simbólica; e no ano seguinte fui transferida para o Colégio João Florêncio Gomes, que gozava de muito boa reputação na Península Itapagipana. No Colégio João Florêncio Gomes, eu cursei do 2º ao 4º ano do ginásio. Na época que estudei no Colégio Santo Antônio, eu ainda era Católica Praticante; Cruzada Eucarística, até cheguei a tentar entrar no noviciado, por isso ainda nutria muita admiração pela Irmã Dulce. Atualmente, sinto certa dor nostálgica, porque no 2º ano do ginásio, no Colégio João Florêncio Gomes, eu fui capturada pelos comunistas e me tornei uma ingrata com o Anjo Bom da Bahia, nunca contando sobre o tão grande benefício alcançado. Nunca vi Irmã Dulce discursando, só via a Santinha baiana em ação, parecendo uma formiguinha, recolhendo donativos nos corredores do Círculo Operário ou nas ruas carregando mendigos e donativos, na Calçada, no Largo de Roma. Eu matriculada no Colégio Santo Antônio, pude ingressar na primeira série do curso ginasial, sem os sobressaltos dos disputados exames de admissão, das melhores escolas públicas, muitas vezes exames de cartas marcadas. Naquele tempo, as melhores escolas públicas eram frequentadas, reservadas até para os filhos da elite. E ainda obtive um benefício secundário, que foi gozar da oportunidade de frequentar atividades culturais, uma vez que as salas Colégio Santo Antônio, no qual eu estudava ficava em cima do Cine Roma. Foi Cine Teatro Roma, na Cidade Baixa: fundado em 1948, por Irmã Dulce, que eu assisti aos primeiros shows da minha vida, com grandes nomes da MPB, como Raul Seixas e Waldick Soriano; artistas que fundaram a Jovem Guarda. Além dos shows, o espaço era badalado com exibição de filmes que faziam sucesso nos anos 60. O cinema já não existe mais, mas permanece na memória dos baianos. Recentemente soube que o Anjo Bom da Bahia era professora primária e estudou no Instituto Normal da Bahia, hoje Instituto Central de Educação Isaías Alves, onde estudei o Curso Normal. Devíamos fazer um forte movimento para sacralizar aquele espaço do ICEIA em sua homenagem, voltando a profissionalizar no Curso Normal, com um Curso Técnico, para empregar jovens das classes populares nas creches e escolas infantis, como auxiliares preparadas, inclusive para iniciação para a alfabetização; mantendo-as num programa de prosseguimento dos estudos, em nível Tecnológico Superior; e finalmente na Licenciatura em Pedagogia. Assim, transformaríamos Instituto Normal num centro de formação de professores de alto nível e de boa vontade; que aprendam desde o ensino médio a ensinar de verdade; promovendo a vocação e o amor ao ensino, principalmente no cuidado, atenção e ensino às crianças carentes, na escola Getúlio Vargas, anexa ao ICEIA. Obrigada, Santa Irmã Dulce. Louvores à Senhora, exemplo de doação, de amor, que mudou a minha vida, a vida de milhões de baianos e mudará, com o Vosso Magnífico exemplo e Merecimentos alcançados junto a Nosso Senhor Jesus Cristo a vida de pessoas no mundo inteiro.

[1] Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi Deputada Estadual da Bahia de 1991 a 1999. É fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira

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2 Comentários

  • Reply Ivonildes Fonseca 13 de outubro de 2019 at 09:12

    Maria José Rocha Lima, belas memórias da Santa Dulce dos Pobres. Estudei na Escola Santo Antonio durante todo o ,hoje chamado, Infantil e Fundamental. Andei com Irmã Dulce pelas ruas do Comércio por onde ela pediu donativos para os “pobres”. Estou muito emocionada com as lembranças, em saber da sua vivência e pela canonização da Anja Boa da Bahia. Meu nome: Ivonildes da Silva Fonseca, atualmente Professora na Universidade Estadual da Paraíba, Campus III.

  • Reply Maria José Rocha Lima 13 de outubro de 2019 at 10:42

    Estimada professora Ivonildes Fonseca, fico muito contente de podermos compartilhar essas belas e emocionantes lembranças da Santinha da Bahia. A canonização do Anjo Bom da Bahia, a nossa Santa Irmã Dulce é um alento, uma esperança de que a doação, o amor, a compaixão nunca sucumbirão ao egoísmo, ao desamor e a à
    cruedade. Louvemos a Santa Irmã Dulce.

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