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Como nossos pais

25 de fevereiro de 2018

Marcos Pires foi na jugular com este artigo de hoje.

Os pais são os eternos esquecidos na história da vida.

Criam os filhos, mimam os filhos, mas quando eles crescem e casam, esquecem os pais.

E quando lembram, o fazem para cumprir uma obrigação protocolar.

Vão a eles, como se estivessem cumprindo uma tarefa da escola, demoram pouco e sempre inventam uma emergência para escapulir.

Sem contar aqueles que, para se livrar do estorvo, jogam os pais no asilo.

Eu tive uma boa convivência com meus pais, mas poderia ter feito melhor.

Hoje eu sei que poderia.

Quando ia a Princesa, ficava mais tempo com os amigos do que com os velhos.

E quando chegava em casa, altas horas, lá estava ele, sentado ao redor da mesa grande da cozinha, a me esperar.

Eu chegava, dava boa noite e ia dormir.

Nunca perguntei se queria conversar, falar dele, de nós.

Quando vinha a João Pessoa, eu o buscava na rodoviária e o deixava na casinha do Geisel depois de um curto bate papo.

Quando ele morreu, senti um vazio no peito. Um vazio que não nunca foi preenchido.

E minha mãe, viúva e sozinha, morava na casinha do Geisel.

Eu a visitava nos finais de semana. Chegava, tomava um café, ou então almoçava e ia embora.

Não ficava nem para palitar os dentes.

Hoje estou quase na idade que papai tinha quando morreu.

Eu e dona Cacilda voltamos a ficar só nós dois.

Os filhos ou casaram ou foram morar longe.

Estamos como estavam meus pais e os pais dela.

Recebendo, como eles, as visitas domingueiras dos filhos.

Que chegam tarde, por causa dos compromissos e vão embora logo, porque outros compromissos os chamam.

E agora eu sinto o que meus pais e os pais de dona Cacilda sentiam.

E os dois, eu e ela, com medo de ficar viúvos.

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6 Comentários

  • Reply José Jangaban Ribeiro de Pádua Freire 25 de fevereiro de 2018 at 05:29

    É a mais pura verdade.

  • Reply Rita Lopes 25 de fevereiro de 2018 at 07:29

    É assim mesmo Tião. Eu vivo isso com os filhos que não moram mais comigo.

  • Reply Germano Almeida de araujo 25 de fevereiro de 2018 at 11:28

    Acontece muito isso!
    Lamentável!

  • Reply walter mario gois da luz da luz 25 de fevereiro de 2018 at 20:55

    Tião tu é um fodido meso, Marcos Pires dá no jugular e tu aplicas na aorta e percorre todo nosso sistema circulatório. Puta Merda Cara ! quem do interior não passou por essa fotografia que acabas de tão inteligentemente fazer-se ver com palavras ? Não vou continuar porque a emoção me domina, forte abraço
    vavadaluz

  • Reply Fernando de sousa 25 de fevereiro de 2018 at 22:14

    Ei Tião!!! E Tibério? Esqueceu e engoliu o que ele disse e no que todo mundo no estado da Paraiba sabe?? Que tu és um BABÃO e que fazes isto por contracheque teu e da tua família??? Tu és um nojento da pior espécie!! Teu café está sendo coado!!! Mas que tu vai pagar, vai!!!!kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    • Reply Tião Lucena 28 de fevereiro de 2018 at 09:44

      Cuidado pra não queimar a língua. Nem todo mundo sabe beber café coado.

  • Reply luciano vieira da silva 27 de fevereiro de 2018 at 00:59

    Eita Tiao tõ engasgado,meu irmão qualquer dias desses tú mim mata de tanta emoção o que escreves é apura realidade e vai bater lá no fundo do coração,as lágrimas escorrem,tem muito de mim nesse texto,não tenho palavras.

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