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Os estrupícios de Renato Carrola!

10 de agosto de 2018

Quando Renato Carrôla quase acaba a Bagaceira da Festa das Neves no cacete

Renato Carrôla juntou os panos de bunda em Sousa, pegou o primeiro onibus que passou na rodoviária e viajou para João Pessoa. Tinha assuntos a resolver no Banco do Brasil, referentes a um empréstimo agrícola em dias de vencer e que, se não pagasse, o Banco lhe tomaria os oito hectares de terra que possuía às margens do Açude de São Gonçalo.

Viagem longa, de muitos buracos e curvas perigosas. A Capital só apareceu aos olhos de Renato quando a noite densa cobrira os céus do litoral. Aquele mundão de luzes acesas deslumbrou os olhos do visitante, que nunca tinha arredado os pés do sertão. Desceu na rodoviária e ficou impressionado com aquele amontoado de carros indo e vindo, vindo e indo, onibus, trens, motos, uma misturada impressionante.

Entrou no primeiro taxi que parou na sua frente, alojou-se no banco do passageiro e ordenou:

-Me leve na casa de Johnsim!

-Quem diabo é Johnsim? -, perguntou o taxista. E Carrôla:

-Mas taí, num sabe quem é Johnsim? Pense num motorista atrasado!

Falava do acadêmico de Direito Johnsom Abrantes, muito conhecido nos longes de Sousa e do Lastro, mas uma figura ainda virgem em termos de notoriedade na Capital do Estado.

O certo é que, de muito perguntar, terminaram, ele e o motorista, chegando à república onde Johnsom morava com os irmãos no Bairro da Torre, nas proximidades da Malandros do Morro, onde Carrôla instalou seu pavilhão e fez pouso, atraído pelos requebros das sambistas e das piniqueiras faceiras que davam o seu em troca de um olhar.

Johnsom escalou o irmão Bessanger para ciceronear Carrôla na Capital. A primeira visita foi ao Banco do Brasil. Carrôla entrou na agência da 1817 e foi logo perguntando pelo gerente. O guarda ensinou:

-Moço, pra falar com o gerente o senhor tem chamar o elevador”. Carrôla obedeceu:

-Alô, seu elevador!”. Foi de novo advertido pelo guarda:

-Chame pelo botão!”

Carrôla segurou o botão da camisa e, levando até a boca, gritou bem alto:

-Alô, elevador!

Bessanger acabou com o suplício do conterrâneo, apertou o botão, o elevador chegou, ambos entraram, Carrôla ao chegar no quinto andar puxou a carteira e perguntou “quanto foi a corrida?” e ao ser informado que não era nada, festejou: “Eita, desse jeito é bom demais. Me espere aí, viu, que quando eu voltar quero que o senhor me deixe na rodoviária”.

Era Festa das Neves, a padroeira de João Pessoa. Carrôla, festejando o bom final do seu problema com o Banco do Brasil, foi com Bessanger tomar umas na Bagaceira. A farra durou até de madrugada e terminou num estranhamento entre o bravo sertanejo e uma quenga da Maciel Pinheiro, que depois de beber, comer e encher o bucho, não quís lhe dar de graça. O bate boca foi grande, chamaram a polícia, a polícia chegou, Renato Carrôla se atracou com um cabo velho e os dois rolaram em cima do mijo, mesas e cadeiras voaram pra todo lado, até que, dominado, o bagunceiro ia ser levado pra cadeia, quando apareceu o deputado Bosco Barreto e mandou soltar o conterrâneo. Sentindo-se o próprio, Carrôla dirigiu-se ao soldado mais valente e ordenou:

-Me dê seu nome pra eu mandar Johnson tirar sua farda.

Pronto, recomeçou tudo de novo. “Teje preso!”, gritou o soldado. Bessanger Abrantes se meteu no meio: -Se ele for, eu vou também”. Foram os dois. Dormiram na cela e no outro dia, como castigo, foram obrigados a limpar os banheiros e varrer a calçada da Central de Polícia.

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