Naquele beco que liga a Duque de Caxias à Avenida General Osório, com o quase destruído prédio da Adesg na esquina, fica a Cachaçaria Filipéia do jornalista Carlão.
Carlão é da velha guarda, fez muitas reportagens pelo interior, é formado em comunicação, mas descobriu-se apaixonado pela cachaça, não para beber, mas para exaltar as suas qualidades e lutar pela sua preservação.
Fundou a Filipéia, num beco apertado que liga uma rua a outra. E, não satisfeito, fez morada na casa da frente, na Duque de Caxias. É, talvez, o único morador da velha rua. Fico a imaginar como são as suas noites naquele ambiente cheio de passados e repleto de solidão.
Mas a Cachaçaria está lá, bem sortida e atraindo gente.
No dia em que lá estive, três paulistas em visita a João Pessoa viram a placa, entraram, fizeram perguntas, se apaixonaram e prometeram divulgar aquela beleza para seus amigos do sul.
Logo na entrada Carlão colocou uma faixa, onde se descreve as qualidades curativas da branquinha:
“Temos cachaça para curar mau olhado, bicho de pé, frieira, espinhela caída, “camgaia”, dor de corno, lombriga, praga do Egito, maldição de sogra, fofoca maldosa, smilinguido, coceira braba, suvaqueira, piolho, cobreiro, fungo de unha, buxo de sapo, ferida do cão, papeira, peido crônico, mijadeira, enxaqueca, dor de dente, estresse e tristeza”.
Ao me presentear com um litro da mais legítima cachaça artesanal do brejo, ainda me ensinou a degustar. Em vez de engolir a lapada e jogar na boca o tira-gosto como sempre faço, Carlão disse que primeiro eu tenho que lavar a boca com água mineral com gás, deixar as glândulas limpas e só então beber a milagrosa.
Garantiu que, logo após enxaguar a boca com água mineral, o corpo começa a tremer pedindo uma dose.
É vivendo e aprendendo.
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