Estou em Carapibus, a beira mar. Ali embaixo as ondas que vêm de longe esbarram nas pedras e fazem zoada. É o roído da natureza chamando a gente para as coisas esquecidas pelo corre-corre da vida.
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Carapibus é o esconderijo preferido dos intelectuais. Marcos Maivado Marinho não pode ver um feriado se aproximando que corre logo pra cá. Tem casa bonita e bem montada no cume da barreira. Dela ele avista os navios passando ao largo e aprecia o voo das gaivotas.
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Maurílio Batista fica um pouco mais pras bandas de Jacumã. A casa dele tem varanda virada para o Atlântico e ele gosta de ficar sentado para vigiar as peraltices dos netos.
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Otacílio Trajano, mais radical, fez sua mansão no alto da montanha. Dela vigia desde Jacumã a Tambaba. Gosta de reunir os amigos nessa época do ano para oferecer cachaça com caju, tirado do pé, ao natural.
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O lugar é bonito, aliás, bota bonito nisso.
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As pousadas estão lotadas, não tem vaga para os visitantes retardatários nem pedindo pelas intervenções do Menino Jesus. Os comerciantes estão felizes, rindo de orelha a orelha. É lucro certo, bufunfa entrando na conta.
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O turismo aqui foi viabilizado por um homem de visão chamado Ricardo Coutinho.
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Antes da intervenção de Ricardo, ninguém conseguia descer à praia de Carapibus, o acesso era horrível, o barro solto atolava no verão e no inverno. No verão era a terra que fazia os carros deslizarem, no inverno a lama. Ricardo calçou o acesso, fez o mesmo em Tabatinga, construiu a calçadinha de Jacumã, transformou o litoral sul num biscui.
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E o resultado estamos vendo, os turistas chegaram, os bugres enchem a rodovia, vem gente de toda parte se banhar nas águas do mar e, se quiser, tirar a roupa e mostrar os pissuídos em Tambaba.
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Já fui lá duas vezes, fiquei nu, vi muita gente nua, mas o nu que mais me impressionou foi Cocada, motorista de O Norte, dono de dois ovos enormes, os do boi zebu de Antônio Medeiros perto dos dele pareciam bolas de gude.
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Prefeito, vice e vereadores de Turilândia, no Maranhão, foram presos a pedido do Ministério Público. Todos corruptos.
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Se a moda pega e desce na direção de um conhecido estado nordestino, vai faltar vagas nas cadeias.
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Chico Pereira era um gentlemen, morreu aos 80, merecia viver até chegar aos 100 ou mais.
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Lau Siqueira faz campanha nas redes sociais em favor de Saulo Mendonça, o nosso poeta. O vate está precisando de ajuda, amputou as duas pernas, precisa comprar remédios.
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Por ondo andará o meu amigo Euflávio?
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E o velho Bigu?
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Bolsonaro vai ser operado hoje.
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De hérnia.
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Xandão deu permissão e o doutor vai meter o canivete.
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Depois daquele vídeo mostrando-o aos soluços, acendeu-se a luz amarela.
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Recebi abraços de Cícero Lima e Gilberto Carneiro. Zeca Porto e Edmilson telefonaram.
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É o natal.
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E pra semana tem ano novo.
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Só não tem mais Cabral com seu discurso de fim de festa.
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Ele dizia sempre: “Mais um ano se findou e eu não queimei o fuzi”.
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Terminou queimando.
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E virou saudade.
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Inté.
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