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A BATALHA NO CAMPO DO FUNCIONÁRIOS II

1 de maio de 2025

A farra começara pelas 10 horas da manhã e o relógio marcava o meio da tarde quando alguém se lembrou de beber a saideira no Conjunto Ernesto Geisel, onde moravam os meus irmãos e minha mãe.

Antes de chegarmos a minha casa para dar trabalho a dona Cacilda, já havíamos visitado, pela ordem, o Bar da API, o Grande Ponto de Seu João, a Churrascaria de Cabral no Jardim Sepol e o Bar de Goró.

E o desembarque na casa do Funcionários II foi o de um grupo que já havia tomado todas e ainda queria lavar a alma.

De nada adiantou a argumentação da mulher, achando que “por hoje basta”.

Saímos em grupo, eu na frente, João Camurça logo atrás e Miguezim de carona num terceiro carro.

Só que, em vez de pegarmos o contorno e circundar o campo de futebol, entramos de campo adentro, interrompendo a partida entre os solteiros e os casados.

A intromissão gerou protestos dos jogadores. E eu, valentão, parei o carro, desci e fui tomar satisfações com o que parecia ser o chefe do jogo.

O cara, mais forte do que eu, me enfrentou. O bate-boca começou, os ânimos se acirraram, já ensaiávamos os finalmente quando Dona Cacilda, valente e declarada protetora do marido indefeso, saiu de casa com um 32 canela fina na mão, ameaçando encher o campo de bala se alguém mexesse com um fio do meu cabelo.

A valentia de Dona Cacilda foi mal compreendida pelo meu oponente, que  lhe dirigiu um comentário desrespeitoso. Eu, como marido, parti para a guerra. Voei na goela do atrevido e lhe arranquei  o trancelim que carregava no pescoço. Ele não gostou, seus amigos não gostaram, ameaçaram partir pra cima, mas aí surgiu Miguelzinho com seu brado retumbante, armado com um martelo de bater prego, avisando que ia arrancar chifres de cornos.

Não bastasse isso, dali a pouco apareceu um garoto com um saco de estopa nas costas, avisando ao pai que a arma que fora buscar estava ali dentro do saco, devidamente embrulhada.

– Deixe ela aí que já uso – avisou o pai do menino.

Mas não precisou usar porque João Camurça, apaziguador, sugeriu uma trégua, devidamente aceita por todos, seus fãs radiofônicos.

Só que Camurça teve que prometer narrar um jogo dos dois times no final de semana seguinte pelas ondas sonoras da Rádio Tabajara.

A promessa não foi cumprida, porém a paz foi restaurada.

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