A fuga de Zabé Quartuda

Desde as primeiras horas do dia  o assunto mais comentado é a fuga de Zabé Quartuda, que arribou no momento exato do “teje presa” anunciado pelo Cabo Romeu.

Ela tentou matar Zezito Pustema com um tiro de espingarda de soca carregada de sal grosso, mas quando apertou o gatilho saiu uma bufa de poiva molhada. Valeu a intenção, entendeu assim Cabo Romeu ao juntar a tropa e partir para fazer a prisão da quase assassina.

A raiva de Zabé se devia ao xexo passado por Pustema, que lhe esbugalhou o rego e não fez o pagamento devido. Onde já se viu tamanha falta de respeito? Zabé pegou a espingarda, socou a poiva, botou o sal, encaixou a espoleta, fez a tocaia mas na hora H o tiro não saiu. Alguém a fotografou empunhando a arma e isso serviu de prova.

É certo que, diante da ameaça de prisão, ela andou pedindo uns adjutórios a amigos do seu ex-amante, o Tenente Bosta no Aro, fez até uma rifa de dois trancelins e uma gargantilha, ajuntou uns 120 contos dizendo que era para pagar a Doutor Horácio, seu advogado,mas em vez disso botou o dinheiro no pé do cipa e ganhou o oco do mundo.

O mais incrível é que a fugitiva conseguiu tomar dinheiro de gente tida e havida como amarrada, a exemplo do bodegueiro Cumaroto, que lhe emprestou 50 por 60 com juros d 20 por cento e hoje estava dizendo que dava por perdido o seu dinheiro depois que anunciaram o fico de Zabé no outro lado, fora da jurisdição de Cabo Romeu.

– Do que ela vai viver lá no Pau Ferrado? – perguntava Lindaura do Gavião, preocupado com a sorte da amiga.

– Vai voltar a ser o que era antes de se amigar com Bosta no Aro, puta!- sentenciou Mundinho Cunhão de Boi com cara de quem entende do assunto.