Meus queridos consulentes, que a madrugada os encontre sem dores nas juntas e sem os incômodos espirros que costumam transformar as alvoradas em concertos de sons fúnebres e malassombrados.
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E a manhã varonil traga um sol menos cinzento, como cinzento está sendo o sol de quem mijou fora do caco e agora arca com as consequências dos seus impensados atos.
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A palavra mais temida, ou melhor dizendo, a frase mais aterradora que se escuta desde o final do dia de ontem e a turbulenta noite que se seguiu é “e se jogarem merda no ventilador?”
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Porque o ventilador, dependendo do tamanho, espalha seus tentáculos para norte, sul, leste e oeste, e quando isso acontece não adianta sair de perto ou fazer promessa para os santos da Bahia.
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E já que um assunto puxa o outro,está acontecendo no maravilhoso país dos sonhos mirabolantes um fenômeno que a nossa vã inteligência não consegue decifrar, por mais esforços que se faça.
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Pessoas de repente ficaram ricas, milionárias, triliardárias, compraram aviões, iates, helicópteros, encheram as garagens com carros de luxo, a ostentação virou uma rotina, a gastança escancarou de um jeito que mandou a prudência pras cucuias.
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Ganhou-se na loteria? Que nada! Esse negócio de loteria é pra pobre sonhador. A palavra da moda é a tal da “influencer”, para alcançar o paraíso basta um telefone na mão e uma carinha bonita a anunciar para o mundo as delícias da internet.
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Mesmo que de vez em quando alguém caia do cavalo, nem isso diminui o ímpeto e a cobiça. Até nos sítios mais distantes dos cafundós do Judas a moda chegou.
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Mas deixemos para lá. Nosso time é outro, é o time dos que nasceram para morrer pobres, moradores das terras inférteis, dos lugares de bonanças moderadas. E que a vida continue até onde se permitir.
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Já dizia finado Luizinho de Calu: nada como um cuscuz com galinha de capoeira na graxa e um caneco de café para ajudar na descida.
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Ou um prato de rabada com arroz de leite, preferencialmente o vermelho do Piancó que tem sabor e gostinho de quero mais.
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Voltando à realidade: o meu livro de memórias já está sendo diagramado. Vai ser gordinho, segundo o rapaz da diagramação, no corpo 10 vai chegar a 250 páginas.Quem leu, gostou.
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Não será vendido, tampouco lançado. Vou fazer uma edição familiar. Para cada filho, para cada neto, para cada irmão, para cada sobrinho e para uns poucos amigos contados no dedo.
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Também não pedirei ajuda para editá-lo. Juntei uns trocados meus com uns trocados da conje e na soma total vai dar pra cobrir as despesas.
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A corrigenda do livro foi feita pelo mano Miguezim Lucena, o texto de apresentação foi escrito por 1berto de Almeida, as zurêias por Vavá da Luz e o prefácio é do poeta Sérgio de Castro Pinto.
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Mais chique do que isso, só dois issos.
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E a distribuição ocorrerá em dezembro, quando estarei, se vivo estiver, soprando 73 velinhas.
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Inté.
5 Comentários
Eu como seu leitor de todos os dias, quero um exemplar ( comprado ), quero muito conhecer essa obra literária.
Grande Tião Lucena, autêntico e competente escrivinhador.
“Escrivinhador” é brincadeira, viu Tião? Você é um dos mais talentosos jornalista e escritor que a Princesa da Borborema já ouviu falar. E está entre os meus escritores favoritos
Tião, se você arranjar uma brechinha pra mim num desses grupos que merecerão ler sua nova obra. Ficarei imensamente feliz!
Quis dizer “um dos maiores jornalistas…”. A máquina de datilografia me traiu.