opinião

BANANEIRAS PELOS IDOS DE 1930 (2)

14 de setembro de 2025

RAMALHO LEITE

Falecendo em 1926, Solon Barbosa de Lucena teria um seu primeiro herdeiro na política, a partir da legislatura de 1928/31, quando foi eleito o deputado Severino de Albuquerque Lucena, seu filho, que fora seu Oficial de Gabinete no Palácio da Presidência. Era pois, Severino Lucena, a figura mais representativa de Bananeiras, naqueles anos revoltos de 1930. Sendo filho de Solon, integrante do clã dos Pessoa e adversário dos Rocha, seria dele a primazia de receber em sua terra, o presidente João Pessoa, então candidato a vice-presidente da República, na chapa de Getúlio Vargas. Todavia, esse fato não ocorreu. A recepção a João Pessoa teve como cenário a casa do coronel José Antônio da Rocha, filho dos adversários de Solon e que, somente em 1934, seria eleito para a Assembleia Constituinte.
O presidente João Pessoa decidiu visitar vários municípios naquele mês de fevereiro de 1930. Esteve em Princesa e foi hospede do deputado José Pereira Lima. Dois dias depois, recebeu telegrama do mesmo avisando sua discordância com a formação da lista de deputados federais escolhidos por João Pessoa, vez que, excluía o nome do ex-presidente João Suassuna, carne e unha com o soba princesense. Foi o pomo da discórdia. Princesa se armou e passou a enfrentar as tropas legais e precárias de João Pessoa. O coronel Zé Pereira transformaria sua cidadela em Território Livre de Princesa e passaria a obedecer diretamente ao Poder Central, desligando-se da jurisdição paraibana.
A 27 de fevereiro, às vésperas daqueles eleições de 1º de março de 1930, João Pessoa e comitiva aportaram no distrito de Moreno e na mesma data, à noitinha, chegaram a Bananeiras. Em Moreno, o Gremio Morenense engalanou-se para a recepção. Discursos e fogos de artificio. Em Bananeiras, um comício e depois um banquete na casa senhorial do coronel Jose Antônio da Rocha. Testemunha ocular da história, o jornalista Tancredo de Carvalho que, anos depois, seria primeiro prefeito da antiga Moreno, hoje Solânea, desfrutou o privilégio de sentar-se ao lado do presidente na mesa do jantar, quando recebeu os agradecimentos pela festa ocorrida antes no topo da serra.
Não há registro da presença do deputado Severino Lucena nas festividades, o que é de se estranhar. Severino Lucena, pai do futuro senador Humberto Lucena, foi herdeiro dos votos e da luta do pai, Solon de Lucena, e este, era ligado aos Pessoa por laços afetivos, familiares e de fidelidade política. Não entendi, nem encontrei justificativa, para João Pessoa ser recepcionado em Bananeiras pelos Rocha, adversários de Solon. Era esse o cenário político encontrado na fria Bananeiras, pelos quentes fatos decorridos da Revolução de 1930.

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