Cidade

Cadê a Tore das minhas lembranças?

10 de novembro de 2025

A sede do Bandeirantes da Torre foi demolida e o terreno transformado em estacionamento da Picanha do Bastos. Até me assustei quando cheguei lá e me deparei com o buraco. Zeca da barraca sumira, dos seus tira gostos de moelas de galinha ninguém deu notícias, a Torre mudou.

Fiquei em pé tentando me situar. Dali eu via a vila de Dona Lídia onde morei durante anos, mas via apenas na lembrança, a vila sumira, a casa de Dona Lídia mudou de fachada, cadê os bêbados que saíam do Bar de Raul perseguindo as madrugadas? Nem Raul restou.

Dizem que reviver coisas passadas faz bem a alma, discordo, minha alma doeu e ainda está doendo por causa das lembranças adormecidas entre os escombros da velha Torre, do extinto Bandeirantes, da vila de Dona Lídia, do Bar de Raul, dos finados companheiros de tertúlias, das namoradas silenciosas.

A Torre do meu tempo ainda era de taipa, de casinhas simples, de ruas descalças, de trânsito sonolento. A Juarez de agora parece  um burburinho de carros e de lojas. Os habitantes mudaram de endereço, a casa de Eleika virou comércio, Fatão se foi com seu sorriso, Betânia foi com ela, cadê as meninas que se debruçavam nos muros das casas para o flerte de fim de tarde?

Ainda resta o mercado da feira,mas nem esse é como o que nos recebia fora de hora para os fins de farra. Tem praça de alimentação, o barbeiro instalou ar condicionado na sala, o bode é vendido refrigerado, ficou chique.

A lembrar o passado apenas o bêbado caído no pé de calçada segurando o seu “burrinho” de cana papuda, mais morto do que vivo.

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