Miguel Lucena
O Dia de Finados passou quase despercebido. Nenhuma grande manchete, nenhuma lembrança digna nas páginas dos jornais. Talvez os editores tenham achado que as notícias diárias sobre balas perdidas, chacinas e acidentes bastassem como homenagem aos mortos.
A morte banalizada perdeu até o direito à memória. Enterramos nossos entes e também o respeito pelo silêncio do cemitério. O país se acostumou a contar corpos, não histórias.
Ninguém mais leva flores, só cliques. E a data, que antes convidava à reflexão, virou apenas mais um dia útil — útil à pressa, inútil à saudade.




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