EU AINDA ALCANCEI OS CABARÉS
Estive em João Pessoa em meados de 70 acompanhando um amigo que fugia do sertão para não casar na marra. A cidade velha ainda tinha vida, me foi mostrada por Pierre Malzak, a quem conhecera dias antes em Princesa. Pierre era um velho conhecido das putas que povoavam a calçada dos Correios e Telégrafos e as imediações do Teatro Santa Roza, a todas tratava pelos nomes e elas respondiam com um “vai pra lá, Pierre”.
A Praça Pedro Américo era um amontoado de barracas que vendiam de um tudo: pentes e marrafas, óleos para os cabelos, sandálias de couro, japonesas e sapatos, camisas, calças, cuecas e bermudas, chapéus e gorros, velas e candeeiros, roupas para mulheres, vestidos, shorts, soutiens e calcinhas, as crianças também eram lembradas, conjuntinhos de várias cores, diademas enfeitados para as crianças meninas, chupetas e mamadeiras. Tinha berços de variados tamanhos. Não era uma Feira de Caruaru, mas era a Feira do Pensamento. Pensou, encontrou.
À noite as barracas eram cobertas, dormiam. E as putas enfeitavam as calçadas ofertando amor a preços módicos. Os casarões que ainda hoje circundam os Correios ficavam abertos a noite toda, ofereciam seus cubículos aos carentes de sexo, não havia banheiros, a limpeza era na bacia, o famoso chapchap onde se lavava o indispensável com direito a um pedacinho de sabão Patativa e a uma toalha de rosto para o devido enxugamento.
Naquele tempo ainda havia cabaré de luxo. Irene dava as cartas na Rua da Areia, a Maciel Pinheiro tinha portas iluminadas, primeiros andares de janelas escancaradas anunciando os mais novos troféus vindos do interior e até de outros Estados.
Eu vi tudo isso na semana da fuga empreendida pelo amigo que não queria casar. E me dou por feliz, porque quando retornei pouco tempo depois não havia mais nada, só alguns vultos furtivos de mulheres sem graça e sombras de abandono.
CUSCUZ DE NOVO
Não gosto das noites, evito os agitos dos restaurantes de luxo, quando muito fujo à Feira do Zé Américo para um cuscuz regado a bode guisado, café com leite e conversas amenas. Sábado lá estivemos de novo, eu, Edmilson, Tadeu Florêncio e Belarmino Arnóbio. No próximo sábado o cardápio será aumentado com uma rabada para recepcionar o ilustre conterrâneo Edvaldo Rosas.
2 Comentários
Foi cpm uma dessas mulheres da Praça Pedro Américo que peguei uma blenorragia,, tratada e curada pelo enfermeiro sr. Barbosa, em Campina Grande, na base de Bezetacyl.
Eu também peguei uma blenorragia com uma “garota” de nome Toinha Branca, no Cabaré de Estrela, oriunda de Serra Talhada, mas fiquei bom com três injeções de Bezetacil aplicadas na Farmácia do saudoso Edezel. As injeções foram aplicadas nas nádegas. Ninguém aguentava tomar injeção de Bezetacil nos braços por causa da dor. Era uma injeção por mês. Após quatro meses, fui fazer exame de sangue em Campina Grande e o resultado deu negativo. Após êsse fato, toda a cidade de Princesa Isabel ficou sabendo e Toinha Branca voltou para Serra Talhada.