A mídia tirou a graça das campanhas políticas, antigamente havia emoção, hoje só chateação, desinteresse, daí a montanha de votos nulos e brancos, o eleitor perdeu o cheiro do candidato, não ganha mais o abraço, o aperto de mão, a visita inconveniente à cozinha para beliscar na panela, o menino cagado e catarrento no colo do doutor.
Aquele comício de Cruz das Armas ainda hoje é lembrado por causa da emoção do público e da valentia dos oradores.
O locutor, sabendo da inimizade entre Gerson Gomes e Roderico Borges, vereadores da Câmara Municipal de João Pessoa, comia o pão que o diabo amassou para administrar a lista dos oradores.
- Meus amigos, agora vai falar…
Gerson Gomes completava a frase:
- O vereador Gerson Gomes de Lima.
No que Roderico contestava:
- Vai falar Roderico Borges.
O pinxincói não permitia uma saída e o locutor, arreliado, desceu do caminhão e deixou que os dois resolvessem a pendenga.
- Você é um cabra safado! -, gritou Gerson com o dedo apontado para Roderico, que revidou, tirando o cinturão da calça:
- Vou lhe dar de cinturão.
Gerson passou-lhe a mão no peduvido, Roderico se abaixou e o bofete alcançou as bochechas de Cabo Inácio, que também participava da festa cívica. O cabo caiu, a confusão se alastrou e o comício terminou no cacete.
Soube-se depois que Cabral Batista, já com quase 80 anos, correu de Cruz das Armas a Oitizeiro numa tirada só, cobrindo um percurso que normalmente um corredor profissional só completava com a ajuda de duas paradas técnicas.




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