Miguezim de Princesa
Naquela tarde quente de Finados, Mané Raimundo vestiu sua melhor roupa e seguiu para o Campo Santo de Princesa. Homem temente a Deus, não perdia uma missa sequer. Mas naquele dia, além da fé, carregava no ventre um furdunço intestinal digno de trovoada.
Contrito e de pé, sentiu o estômago revirar. A vontade de bufar foi se avolumando, mas o temor divino falava mais alto. E se peidasse no meio da missa? Que falta de respeito! Prendeu. Prendeu com tanta força que viu estrela. O padre benzia os fiéis, e Mané, roxo, suava frio. De repente, as pernas endureceram, os olhos reviraram, e ele caiu teso no chão.
No hospital, o diagnóstico foi direto: volvo intestinal. “Homem, por que não soltou logo essa desgraça?”, ralhou o médico. Remédio e uns apertos na barriga depois, o milagre aconteceu: escapou fedendo, mas vivo. Desde então, nas missas, Mané só pede uma graça: que Deus perdoe os peidos.
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