Hildeberto Barbosa
Fosse prefeito da cidade, cuidaria melhor do Centro Histórico. Esqueceria as ondas do mar, os sargaços que as águas vomitam na beira da praia, a Barreira manchada do velho Cabo Branco. Deixaria, sim, que seus pescadores protestassem contra o engodo da construção civil e gritassem, bem alto, a melodia das espumas, as elegias dos peixes sufocados, o ditirambo dos navios que naufragaram. Mais que o oceano, o Sanhau’a carece de bem querer. O mangue precisa de trato. O Varadouro se quer limpo e claro. Os casarões antigos, que guardam segredos e lembranças, necessitam de proteção e zelo. Urgente: Tambiá não pode se transformar num condomínio moderno. Fosse prefeito, cuidaria melhor da rua General Osório, da Ladeira da Borborema, da Casa da Pólvora, da APL e seu entorno. Além das antigas paredes, alguma coisa de inominável e invisível pulsa no ar. Quem sabe, não seja “a imortalidade das idéias”, os passos de Augusto, Zé Lins, Zé Américo, Ariano e tantos outros que se cruzam na esfera da edilidade. Fosse prefeito, cuidaria melhor de minha cidade. Ah! Fosse prefeito… Deus (quem é Deus?) sabe o que faz!
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