Porque hoje é sábado

1 – Duas mulheres visitaram João Pessoa na sexta-feira, uma veio fazer política, a outra veio receber um título que coroa a grandeza de sua vida. Michelle Bolsonaro chegou para ser bajulada e receber um diploma de cidadã de uma terra que mal conhece, Luiza Erundina se tornou doutora honoris da UFPB, doutora da sua terra, a terra que a mandou à cidade grande para se tornar cidadã do mundo.

2 – As manchetes acompanharam a primeira, é mais nova, mais bonita, impressiona, está na moda, se exibe como possível candidata a presidente no lugar do marido inelegível, a segunda saiu da roça, veio de Uiraúna, chegou à Capital, se firmou, aceitou o desafio de São Paulo, de São Paulo se tornou prefeita pelo voto direto, é deputada.

3 – Duas biografias distintas, não dá para comparar. Nas imagens da Universidade o coral cantou “de volta para o aconchego”, lágrimas rolaram, a emoção encheu corações, peitos, almas. Na Câmara, um amontoado de políticos fez pose para a fotografia, a homenageada fez discurso engraçado, fizeram lorotas, disseram loas e ao final apresentaram o homem que vai representar o “mito” como candidato a governador.

4 – Mas ele não estava do outro lado?! – alguém perguntou. Estava, tanto estava que fez um discurso aleatório informando que o presidente que nomeia desnomeia, referindo-se aos afilhados que colocou em postos de destaque do Governo Federal. E até lembrou o voto que deu pelo impeachment de uma ex-presidente, de repente lembrou-se de algo que estava “esquecido” quando esquecer era conveniente.

5 – Só esqueceu de lembrar que  a vítima exibida como exemplo deu a volta por cima e hoje é presidente do Bricks, o banco que tira o sono dos Estados Unidos e faz Trump ter acessos de raiva.

6 – Por falar no nome elevado a candidato pela mulher mais nova, tem-se como certa a divisão das oposições. Pedro Cunha Lima já disse que com o PL não vai, uma outra candidatura surgirá, ou outras surgirão. Aguarda-se as cenas dos próximos capítulos.

7 – Mas deixemos esse povo para lá, falemos de coisas mais palatáveis, falemos de cuscuz. E hoje tem. Tem na Torre, tem em Mangabeira, os que adoram um luxo vão encontra-lo no Canelle de Afrânio e eu vou encontrar a turma no Zé Américo, na feirinha aconchegante que costuma reunir seleto time entre os quais estão o artista plástico Chico Ferreira, o jornalista Carlos César, o oficial de justiça Amaral, o advogado dos pobres Gaudêncio Cabral, o eterno dançarino das noites enluaradas de Princesa Carlos Pata Choca, o faz de tudo um pouco Tadeu Florêncio, o enfermeiro Luciano Arroz, o professor Manoel Arnóbio, o esquerdista Marcos Burrego, o escritor Edmilson Lucena, o grande Belarmino e o Tião Bonitão que vos fala.

8 – Tadeu já está aqui azucrinando, dando bom dia, chamando para começar os trabalhos. Acho que esse conterrâneo não dorme, vira tetéo, ou se dormir o faz com um olho fechado e o outro aberto.

9 – Enquanto isso, em Ingá, Vavá da Luz continua a luta para oficializar a posse do terreno das Itacoatiara, já comprado e devidamente pago pelo Governo do Estado, mas ainda invadido por pretensos proprietários que já não são mais donos de nada.

10 – No enterro de Preta Gil rolou a emoção, mas uma mulher sorria como se tudo aquilo fosse uma festa. Que coisa mais estranha!

11 – E agora lá se vão meus abraços sabadais para Tenório Nóbrega, João Vanildo, Tita Galdino, Maiza Felix, Lilia Muniz Fernandes, Gilson Kumamoto, Everaldo Maia, Everaldo Finizola, Chico de Nadir, Joca Fernandes, Zeca Ricardo Porto, Márcio Murilo da Cunha Ramos, Fred Coutinho, Cícero Lima, Gilberto Carneiro da Gama, Ricardo Vieira Coutinho, Mário Gomes Filho, Herbert Fitipaldi, Diego Lima, Marcos Werick, Professor União, Chico Pinto Neto, Poliana Lima, Marcela Sitônio, Tereza Carneiro e Afra Soares.

12 – Chico Pinto, ganhando pouco e passando fome na Universidade, conseguiu fazer amizade com o Capelão da PM,Eurivaldo Caldas, de quem recebeu autorização para comer de graça no rancho dos soldados.

Sabendo da novidade, Armando Nóbrega, seu colega de O Norte e em igual pindaíba, tanto insistiu que convenceu Pinto a levá-lo ao capelão para ser autorizado a, também, comer no rancho. Feitas as apresentações, o capelão concordou com a entrada de Armando na fila do bandejão. E Armando, querendo agradar o padre, indagou-lhe com seu sorriso matreiro:

– Seu padre, quando é que o senhor vai virar papa?

Padre Eurivaldo botou os dois para fora da sala e, chamando o ordenança, determinou: “Se aparecerem para comer a boia de vocês, metam os dois na cadeia”.