1 – Quem me iniciou na boemia de João Pessoa foi meu amigo Elisafá Pereira. Ele era noivo de Eleika, minha amiga desde Princesa, daí a companhia inseparável nos primeiros anos da Capital. Começou me enturmando com os bares da velha Torre, a começar pelo de Raul, na Aragão e Melo, seguindo-se o das Bichas Boas, no mercado público e daí por diante.
2 – Logo na minha chegada, a turma da recepção, formada por Elisafá, Genebaldo Avelar, Normando, Zélia, Eleika e Mirian, me levou para conhecer a Gauchinha, ainda hoje de pé entre o Distrito Industrial e o Ernani Sátyro. De lá fizemos um roteiro etílico que incluiu bares em Cruz das Armas, em Jaguaribe e finalmente na Torre, onde já cheguei com os “zóios” trocados para conhecer a vivenda dos pais de Eleika, minha primeira morada na Capital.
3 – Matriculado no cursinho Águia de Amândio Amadeu, assistia às aulas à noite. Durante o dia refazia as lições das aulas da véspera e me preparava para novas tarefas. Ia fazer o vestibular de Direito, para o qual já estava inscrito. Optei pela antiga Autônoma, hoje Unipê. No meio do ano deixei o cursinho, arranjei emprego em A União, virei repórter, não dava mais para conciliar, não tinha mais vontade de estudar à noite, Chico Pinto, também vestibulando, me convenceu, me levou aos bares até então desconhecidos, ele próprio reforçando a tese de que não precisava estudar para virar universitário.
4 – E assim seguimos, de bar em bar, de boteco em boteco, quando tinha dinheiro, bebíamos, quando não, bebíamos também, no fiado, era o jornal de dia e de noite os bares. E lá estavam eles: A fava do Treze de Maio, a Cantina do Camões, o Grande Ponto, para forrar o bucho havia a lanchonete de Zezinho, o 2113 de Evilásio de Andrade, o Bar da API, o Grego na descida da Barão do Abiay, a Flor da Paraíba quase parede meia com o Pietros na Lagoa, o Cassino quando alguém convidava, quando as pernas aguentavam íamos ao Dri Vin, da Epitácio…
5 – Não sei como, mas conseguimos passar no vestibular. Chico foi cursar Direito na Federal, eu na Autônoma, por esse tempo já namorava Cacilda, com quem noivei e em 78 casei. Vida nova de casado, o dinheiro curto, comecei a trabalhar dobrado, durante o dia na reportagem, à noite na redação de A União, o dinheiro da reportagem era para a feira, o da noite para o aluguel, dali a dois anos veio Niâni, a primogênita, as farras diminuíram, mas continuaram na medida do possível.
6 – Foi por esse tempo que Abmael Morais entrou no time, ele, claro, na liderança, era editor do velho Correio do linotipo, Barbosinha chefiando a reportagem e eu na cobertura política, levava as matérias que Abmael usava como manchetes de primeira página. E que manchetes! Na convenção da Arena, um senador foi votar na maca, entrou deitado emborcado no plenário, o que levou Ruy Gouveia a discursar: “Até o senador fulano foi votar com a nuca pra cima e o resto”. O presidente cortou o microfone, não permitiu a ofensa. Fiz a matéria e Abmael tascou o título: “Traseiro de G… cassou a palavra de Ruy na Assembleia”.
7 – Era um time bom, o nosso. Chico Pinto, Edmilson, Djalma Góes, Renato, Josinaldo, David, Ortilo, Pedro Moreira, Jackson Bandeira, Júlio Santana, Valaque, Barbosinha Good Life, Bosco Gaspar, Toinho Hilberto, Wellington Fodinha, Hilton Gouveia, Anacleto Reinaldo, Josemar Pontes, Biu Ramos, depois vieram Euflávio, Miguezim, Toinho Vicente, Werber, Peninha, Otacilio Trajano, Malvino, Zé Maria, Jair Santana, Cícero Lima, Dorgival Barbosa, Luiz Otávio, João Costa, Nonato Guedes, Giovani Meireles, Lelo Cavalcanti…
8 – Até que um dia enchi o saco e decidi não trabalhar mais em jornal. Já era advogado e, graças a Carlos Mangueira, ocupava um cargo de Advogado Nível IV na administração pública, daí passei a Defensor Público e por último, pelas mãos de Glauce e Tarcísio Burity, me tornei Procurador.
9 – Saí dos jornais, mas continuei no jornalismo. É uma doença incurável essa de fazer imprensa. Até hoje estou aqui, escrevendo besteiras, agradando a alguns, desagradando a tantos, mas sem coragem de me afastar. Paruano me aposento na Procuradoria, a idade me avisa essa data fatídica, não sei se me aposentarei do jornalismo, vai ser difícil, que o diga Gonzaga com 91 e escrevendo melhor do que quando tinha trinta. E o que dizer de Vavá da Luz!
10 – O importante é fazer o que se gosta de fazer. Agora mesmo o mano Edmilson vai me levar ao cuscuz com bode do Zé Américo. Lá ele estará lançando a sua mais nova obra literária, a da corrupção no serviço público, com plateia confirmada de Tadeu Florêncio, Emannuel Arruda, Marcos Burrego, Carlos César Muniz, Pata Choca e muitos outros.
11 – Hora dos abraços sabadais para Zeca Porto, Márcio Murilo da Cunha Ramos, Fred Coutinho, Marcos Cavalcanti, Joaz Filho, Josinato Gomes, Zé Duarte, Fábio Mozart, Geordie Tampa de Furico Filho, Fred Menezes, Pedro Macedo, Camilo Macedo, Luciano Arroz, Belarmino, Yuri Mariano, Marcos Pires, Chico Ferreira, Herbert Fittipaldi, Mário Gomes Filho, Diego Lima, Clilson Júnior, Maurilio Batista, Abelardinho Jurema, Professor União, Alarico Correia Neto, Luiz Carlos de Souza, Aldo Lopes, Aluizio Bezerra, Aristeu Chaves, Aecio Diniz, Carlos Candeia, Gláucio Nóbrega e Chico Franca.
12 – Zé Vaqueiro conversava com colegas de copo no bar de Mirabô, quando, a certa altura, confessou, todo manhoso:
- Hoje amanheci com tanta vontade de fazer sexo, que tô até doente.
Biró, que sentava na ponta da mesa, ao ouvir aquilo não se conteve:
- Tu, em vista de tua mãe, tá bonzinho, bonzinho.
2 Comentários
Caro Tião, mais uma vez, agradeço a citação do meu nome e do meu irmão Camilo, na sua seleta seleção de amigos, publicada aos sábados nessa sua prestigiada coluna. Sempre muito honrado e grato.
Nem pense em parar de escrever, continue exercitando a mente para o deleite de seus leitores. Acesso seu blog duas vezes por dia.