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Que ela chegue, não tenha pressa, venha devagar, garanto que não vou fugir.

31 de dezembro de 2025

 

O ano começa me lembrando que de dezembro não passa, no próximo réveillon serei um respeitável senhor aposentado, levado pela bengala a vestir o pijama e desprezar o paletó, as audiências, os “vossas excelências”, essas coisas formais que são comuns no dia a dia de quem é advogado.

Vou integrar o time dos esquecidos, dos que, embora continuem sendo no contra-cheque, são chamados de ex pelos da ativa.

 A situação do advogado público é complicada. Na ativa ele é brindado com vários mimos, na inatividade tiram-lhe os mimos  e o deixam com o suficiente para sobreviver.

Deve ser por isso que trato desde logo de me adaptar.

Não vivo no luxo, continuo gastando o necessário, em vez dos riquififes da orla, abraço o cuscuz com bode do Zé Américo, da Feira da Torre e de Mangabeira, de vez em quando uma viagem para desentravar as juntas (nisso recorro a Júnior e Aninha, ou a Ediberto) e quando me dá vontade vou a Bananeiras comer o picado de Dona Beta com uma lapada de rainha para ajudar na descida, sempre vigiado pelo diligente Maguila, o sertanejo que escolheu Bananeiras como terra de se viver depois de ter o coração conquistado por linda brejeira.

E vamos simbora, pior do que qualquer aposentadoria é morrer nadando em direção à praia.

Que ela chegue, não tenha pressa, venha devagar, garanto que não vou fugir.

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