O amor é lindro

Reeducandos se unem em casamento coletivo

4 de setembro de 2025

Na tarde desta quarta-feira (3), na centenária Igreja de São Francisco, em João Pessoa (PB), 18 casais receberam as bênçãos e oficializaram o matrimônio, durante o primeiro casamento coletivo católico – com efeitos civis – envolvendo reeducandos da Penitenciária Silvio Porto. A cerimônia contou, ainda, com uma homenagem à juíza Andrea Arcoverde, auxiliar da Vara de Execução Penal (VEP) da Capital, reconhecida pelo Conselho da Comunidade por sua atuação comprometida junto às pessoas privadas de liberdade e suas famílias.

A ação foi fruto de esforços conjuntos, empreendidos pelo Judiciário estadual paraibano (Tribunal de Justiça da Paraíba, Corregedoria-Geral de Justiça e VEP), Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Arquidiocese da Paraíba, Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de João Pessoa, Conselho da Comunidade, Penitenciária, entre outros.

Felicidade e emoção estamparam os rostos de Isabela Félix e Carlos Alberto da Silva, que formalizaram a união. Para ela, um sonho: “Sempre sonhei em casar, mas a distância nos separou. Quando vi esta oportunidade, me inscrevi e deu certo. Não consigo controlar a emoção”.

O recém-casado partilhou da sensação. “Estou muito alegre e emocionado também, mas me segurando. Deus abençoa de todo jeito”, declarou Carlos.

A celebração foi conduzida pelo arcebispo da Paraíba, Dom Delson, que destacou o papel do amor como base do relacionamento conjugal. “O ensinamento de Jesus Cristo é o mandamento do amor, que se torna concreto, sendo luz, paz, conforto e energia para a caminhada do casal. Procurem trilhar o caminho do amor, do diálogo e da compreensão”, aconselhou.

O presidente do TJPB, desembargador Fred Coutinho, compareceu ao evento, acompanhado de sua esposa, Nalva Coutinho, presidente da Aemp. O desembargador também teceu uma fala sobre a fé, o respeito e a união familiar. “Que vocês possam caminhar para frente; caminhar olhando para o amanhã, buscando dias melhores no horizonte. Os senhores compareceram perante a lei, não só dos homens, mas de Deus, que é a lei do amor, do perdão e do acolhimento. Que vocês possam construir um novo caminho”, disse.

A magistrada Andrea Arcoverde afirmou que o casamento evidencia a assistência religiosa plena às pessoas privadas de liberdade. “Esse projeto traz valores muito importantes, como a família e a religião, que são os pilares da reintegração social”, explicou.

O secretário de Administração Penitenciária (Seap), João Alves, acrescentou que a ação demonstra o compromisso do Estado, permitindo a oficialização do casamento de pessoas privadas de liberdade, reconhecendo, assim,seus direitos.

Homenagem à juíza Andrea Arcoverde

Pelos 10 anos à frente da Vara de Execução Penal da Capital, a magistrada Andrea Arcoverde foi homenageada pelos integrantes do Conselho da Comunidade com a entrega simbólica de uma imagem da Sagrada Família – representação de seu compromisso com a fé, família e justiça social.

Emocionada, a juíza agradeceu a todas as pessoas com as quais tem contado no exercício de seu trabalho na VEP e reafirmou seu compromisso com uma justiça penal mais humana. “Esse é meu propósito e a minha dedicação: construir uma execução penal cada vez mais eficiente, justa e transformadora”, concluiu.

Por Gabriela Parente
Fotos: Ednaldo Araújo

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