opinião

Reflexões Aleatórias

25 de setembro de 2025

Ulisses Barbosa – jornalista

“Que loucura, como você é burro”.

Essa frase proferida por Caetano Veloso fala muito sobre os últimos 10 anos, mesmo que em um contexto completamente diferente do atual, em uma época em que o debate era entre inteligências. Explico, Caetano fez essa afirmação no programa “Vox Populi” da TV CULTURA apresentado pelo jornalista e intelectual Geraldo Mayrink (in memoria) que, de fato, estava longe de ser “burro”. Ele apenas fez uma colocação dúbia que mereceu a resposta a altura do cantor. Anos mais tarde a frase virou um “meme” que hoje serve para identificar uma parcela significativa da sociedade brasileira.

Naquela época, 1978, artistas, intelectuais e a sociedade civil organizada reagia em todos os espaços possíveis contra o autoritarismo. O conhecimento, a leitura, o estudo eram armas contra a opressão, a violência e o reacionarismo. Vale ressaltar que essa resistência começou logo no primeiro ano da ditadura com o “FEBEAPA” (Festival de Besteiras que Assola o País) de Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto. Claro, essa resistência, sempre que possível, se valia dos pseudônimos e outras artimanhas criativas para não se exporem à perseguição dos militares. Afinal, corriam risco real de prisão, tortura e desaparecimento (morte).

A arte, a cultura e a música exigiram uma criatividade tão intensa que os artistas desenvolveram temas ou expressões conceituais para driblar o terror da censura e claro, salvaguardar aqueles que mantinham a chama da resistência acesa. Portanto, de 1964 até 1985, a contestação, a vanguarda e a transgressão se impuseram com nomes como; Cildo Meireles (inserções em Circuitos Ideológicos); Rubens Gerchman (obra urbana LUTE); Zuzu Angel ; Dilma Rousseff, Eunice Paiva e o genial Hélio Oiticica (Tropicalia), também abraçada por Caetano, Gil, Torquato Neto, Gal Costa, Jorge Mautner, Tom Zé entre tantos outros que com coragem garantiram o enfrentamento aos generais de plantão , complementando a luta armada e a ação de políticos fortemente comprometidos com a democracia e as liberdades. Não podemos esquecer de teatro de Zé Celso e o cinema de Glauber Rocha nesse processo

Veio a redemocratização e com ela a esperança de um Brasil soberano e pujante economicamente com a diversidade cultural mais rica do planeta. E o principal, todo aquele movimento e as lutas seriam eternizados enterrando de vez a “tradição” golpista em nosso país, iniciada já na proclamação da República. Bom, não foi bem assim. Apesar de tanto sangue derramado, gentes desaparecidas, gentes torturadas, o golpismo novamente de apresentou em pleno século XXI, mais precisamente em 2016, agora travestido de “legalidade” com a participação do Congresso, do Judiciário e da mídia hegemônica. E deu muito ruim! Ruim demais, ali abriram-se as portas de um “inferno” que jamais poderíamos imaginar. Ali começou o que alguns doutores em sociologia, filosofia, antropologia, psicologia e psiquiatria denominaram de “caos cognitivo”.

2018 foi um ano disruptivo com o que há de pior no ser humano. Em meio a pós -verdade e com um impulsionamento brutal das redes sociais foi alçado à condição de presidente da República um psicopata completamente incapaz de formular um pensamento inteligível ou racional. O mundo pensante foi surpreendido da pior forma possível. Não soubemos reagir. Nos perdemos em uma onda de ódio, violência e delírios impensáveis. Algo que a ficção apocalíptica apontava mas que jamais, na nossa cabeça arejada, seria possível ser concretizada. E foi. De saída fulminando mais de 700 mil pessoas em pandemia extremamente dolorosa para nossa sanidade mental. Depois vieram os retrocessos sociais, econômicos e humanos. Tudo que conhecíamos como civilidade deu lugar à barbárie. E aí se insere o caos cognitivo.

Nomes com Nikolas Ferreira, Carolina Di Toni, Marcel Van Hattem, Zé Trovão, Silas Malafaia, Delegado Caveira, Sostenes, Marco Feliciano, Magno Malta, MBL e uma catrevagem de semelhantes dominaram a “narrativa” (argh!) em um desfile de horrores fundamentalistas anti ciência, anti conhecimento, anti direitos humanos, anti professores, anti universidades e anti trabalhadores vistos somente na Alemanha nazista e na Itália fascista. Essa “tropa” zurrou dia é noite no Parlamento, nos jornais e telejornais, mas principalmente, nas redes sociais todo tipo de inverdades, delírios e violências. Mesmo abatido, inicialmente, o povo pensante reagiu e conseguimos barrar o psicopata. Vencemos a eleição apeando do poder o criminoso contumaz. Mal respiramos aliviados, veio a tentativa de mais golpe que culminou com o 8 de janeiro de 23. Falharam fragorosamente! Condenado o líder e o núcleo central, acreditamos que íamos retornar o controle de nossa democracia. Ainda não.

O golpe continuado seguiu no pior Congresso de nossa história. Certos de como seu líder eram “imparáveis, imbrochaveis e intocáveis” urdiram as PECs da anistia e da blindagem. E aí, voltamos ao início do texto e a importância da cultura e das arte de mãos dadas com a sociedade para dizer não aos “malucos” . O povo foi para as ruas em uma manifestação gigantesca, pacífica, alegre e cheia de inteligências afetivas e emocionais, além de formais. Cantamos os hinos de lutas, nos demos as mãos e gritamos NÃO ao neo fascismo da extrema direita. Terminou? Não. Eles ainda estão aqui em cargos e com espaços que merecem. O que nos coloca como imperativo derrotá-los em 2026. Até lá nos cabe o enfrentamento onde antes eles se julgavam dominantes.

O inegável é o fato de que só não conseguiram dar o golpe de Estado porque são extremamente burros! O me lembra porque escolhi o título desse artigo, a necessidade suprema de gritar para nossos vizinhos, colegas de trabalho, as tais “gentes de bem cristã” dos templos, os políticos alinhados em nossas cidade e a mídia oligarca, o seguinte; “QUE LOUCURA! COMO VOCÊS SÃO BURROS!!!

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2 Comentários

  • Reply Lauro 26 de setembro de 2025 at 09:53

    Fui obrigado a ir até o fim deste texto produzido por um esquerdopata da pior extrema esquerda que possa existir!
    Só esses caras se acham os donos da verdade!
    Estamos phodidos com esse tipo de gente.
    Putaqparius.

  • Reply luiz 28 de setembro de 2025 at 11:11

    Sugiro que o “COMENTANTE” acima escreva um texto contestando o que foi escrito pelo sr. ulisses.

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