opinião

VINDO LÁ DO MEU INTERIOR, NÃO SEI MAIS ONDE ESTOU OU ONDE VOU …

14 de março de 2021

 

José Ventura Filho

Vindo lá do meu interior, Piancó, que o tenho com muito amor, onde lá vivi de pés descalços, respirando o vento que levantava o perfume da felicidade, mesmo sem saber ou perceber, cheguei aqui na capital paraibana em 1980 para dar sequência à minha vida.

E, então, experiências vão até o momento atual, plantadas no dia a dia… Faculdade, primeiro trabalho, e a constituição da minha família, a qual me ofertou três filhos maravilhosos, com o amor da minha amada esposa… Antes o sapo ria…

Hoje, diante de uma pandemia, só agonia…

Nunca experimentei o que estou passando, e ou estamos passando, atualmente… São motivos óbvios que estão diante de nós… Antes era só motivos de risos e de trocas de momentos de alegrias e construções de amizades… Não temos mais a oportunidade de termos esse liame…

A jangada está sozinha no mar… Os marinheiros isolados, assim como nós, encastelados, tristes em edifícios e casas, ainda existentes, onde ainda sou um dos privilegiados, porque ainda tenho o jardim e posso ver as flores se abrindo, os passarinhos sorrindo, agasalhando-se e cantando as mais lindas canções, e as minhas cachorrinhas (Nina e Lia) passeando, observando pelas frestas do portão os movimentos lentos, tristes e automáticos dos transeuntes.

Não sei onde vai parar esse escrito, assim como esse momento de sofrimento, porque é infinito o meu pensar… Ainda existe um resto de sonho, indo à procura de uma esperança que pode alcançar o meu desejar…

Sumo na procura da vila de um sossego, que hoje está na escuridão do universo, e que estou querendo ver, insistentemente, mesmo que esteja ainda quente na minha mente…

Ah meu tempo de moleque, lá no meu sertão, no meio da rua, sem compromisso e sem ter de reclamar das coisas passageiras; e a minha mãe a me esperar com o “bolo de caco” na mão, feito com muito zelo e amor… E a noite de São João, iluminada pela lua, convidando-me para ouvir  as músicas verdadeiras e ouvir os estrondos dos fogos, dos traques e das roqueiras testadas nos pés dos postes, todos espalhados e agraciados pelas minhas ruas amigas, as quais me convidavam para conhecer novas aventuras, construtoras dessas  saudosas lembranças…

E agora, onde estão as estrelas, as ruas e as calçadas, nuas de violências, com as conversas simples e cheias de humildades, sem os subterfúgios dos interesses individuais? O coletivo era vivo demais… Tudo de bom surgia, e não pegávamos o seu sentido… O sol surgia e desaparecia, sem percebermos… A noite era bem dormida…

Não sei mais onde estou ou onde vou… Se fico, tenho saudade, se vou, não encontro mais aquilo que sempre estou a procurar…

Tudo é diferente, a gente, a cada dia, em uma agonia, vai se transformando em um nada, que nada em um mar misterioso e tortuoso, cheio de acontecimentos em eventos, sem precedentes que os transformam em indagações…

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

1