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A caminho dos oitenta

29 de abril de 2018

 Marcos Pires

Estou me preparando para os oitenta anos. E não é de hoje. Faço pilates, musculação, caminhadas, nado e corro. Diminui 30 quilos e a pressão está tinindo. Trabalho apenas 2 horas por dia e ao invés de ter raiva, passei a fazer raiva.

Tudo certo? Nem tanto!

Tão importante quanto a saúde, é chegar aos oitenta com a cabeça boa… “as ideias, entendeu, mermão”? Por isso fui procurar amigos que sabem tudo sobre idade avançada. Afinal, todos eles já estão nos oitenta.

O que me surpreendeu foi saber que existem tantos “velhos saçaricados” (é, eu também pensava que era com dois ss) entre minhas melhores amizades.

Dr. D. M. me contou que um amigo com oitenta e cinco anos foi ao geriatra só para se gabar. Disse ao médico que fazia caminhadas diárias, bebia e dançava, e que recentemente casara com uma jovem de 25 anos, que por sinal estava gravida dele. O médico respirou fundo e lhe contou a história do caçador que saiu de manhã para caçar, mas na pressa colocou na mochila um guarda-chuva ao invés da espingarda. Quando o urso apareceu ele sacou o guarda-chuva e deu um tiro, matando o animal. O idoso riu e disse: “- Mas aí é impossível, com certeza foi outro caçador que atirou sem ele ver”. E o médico, meio constrangido: “- Exatamente”.

Já mademoiselle L. L. me contou a incrível história de uma vizinha, muito serelepe (mesmo já tendo seus 82 anos) que começou a seguir um jovem de uns 30 anos no supermercado. O rapaz se deu por incomodado e perguntou se poderia ajuda-la. Ela engrenou uma conversa de que ele lembrava demais seu falecido filho e pediu pelo amor de Deus que ele a tratasse, nem que fosse por uns instantes, como mãe. Emocionado, ele concordou, e ela disse que bastava que ele dissesse, quando estivessem na fila do caixa, um simples “- Adeus mamãe”. E assim foi feito. Ela passou seu carrinho superlotado de produtos finíssimos e caros, e ao sair virou-se para ele e disse: “- Adeus meu filho lindo”. Ele não resistiu, chegou junto dela e, dando-lhe um beijo no rosto, disse: “- Adeus mamãe”. Ela foi embora e ele passou suas compras pelo caixa, ainda embevecido pelo belo gesto que praticara. Mas acordou do devaneio quando a moça do caixa lhe cobrou mil e quinhentos reais por umas poucas maçãs e uma dúzia de ovos. Claro que deveria haver um engano. A simpática caixa esclareceu: “- Ah, senhor, é que eu estou cobrando também as compras que sua mãezinha fez e me pediu para incluir na sua conta”.

Pois é; não basta envelhecer com saúde, tem que permanecer esperto.

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