opinião

A EMANCIPACAO DE  BORBOREMA  E DONA INÊS

4 de dezembro de 2022

Ramalho Leite
Decorria o ano de 1958 e a discussão principal da Câmara de Vereadores de Bananeiras era a emancipação política dos distritos de Borborema e Dona Inês. Moreno, já fora transformada na cidade de Solânea e, quem foi contra, como o vereador Antônio Vaz, agora se penitenciava e passava a concordar com o desmembramento das duas outras comunidades. O vereador Arlindo Ramalho apresentou o projeto de Resolução que autorizava a separação de Borborema. A discórdia estava na fixação dos limites. O vereador Elói Farias foi o primeiro a se colocar contra, logo após a leitura do projeto, em voz alta, pelo vereador Arlindo. Para ele, queriam acabar com Bananeiras e via em tudo isso um desastre para o município. Foi contestado pelo vereador Antônio Costa que, sendo representante do distrito, pugnou pela sua independência. Os vereadores Manoel de Medeiros Guedes, mais conhecido como Santos Guedes e Claudio Maia pediram licença e se retiraram do recinto, fato que mereceu reprimenda do vereador Arlindo, autor do projeto.
O projeto inicial que autorizava a separação de Borborema, que tomou o nº 34, foi aprovado por dois terços dos presentes. A discordância estava na inclusão de Vila Maia no território de Borborema, fato veementemente contestado pelo vereador Santos Guedes. O vereador Arlindo, visando convencer seu companheiro, levou delegação de borboremenses à Câmara para discussão desses limites e informou que estivera na Capital a chamado do deputado Humberto Lucena, para, justamente, detalhar os linhas do mapa de Borborema. O vereador Eloi Farias advertiu que, em breve, estaria em discussão também, a separação de Dona Inês e, mais uma vez seria contra. O vereador Arlindo Ramalho indignou-se com a falta de solidariedade dos vereadores Eloi Farias, Claudio Maia e Santos Guedes. Este, aproveitou para protestar contra o comportamento do vereador Arlindo, que, irritado, teria rasgado a sua  lei e jogado em cima dos presentes, no que foi contestado severamente pelo acusado.
Quando começou o ano legislativo de 1959 os ânimos  estavam mais serenados e os vereadores já tinham a palavra de apoio dos deputados locais. A partir de então, o assunto da emancipação dos dois distritos passou a ter uma tramitação mais pacífica. No dia 06 de abril daquele ano, uma sessão extraordinária foi convocada com aquela pauta específica. Com a palavra, o vereador Arlindo que representa Borborema e se diz um batalhador pela causa da sua independência. Leu alguns artigos dos jornais sobre o assunto e pediu que a sessão fosse suspensa para a discussão, com mais calma, dos limites dos novos municípios, uma vez que os vereadores Manoel Leonel e Jaime Pereira pronunciaram-se, igualmente, pelo desmembramento do distrito de Dona Inês. Esse clima mais sadio e mais sereno, diferente das sessões anteriores, não deixou de ser registrado pelo vereador Antônio Costa.
Com a palavra de apoio dos deputados Clovis Bezerra e Orlando Cavalcanti, os vereadores udenistas e pessedistas que resistiam à redução do território de Bananeiras deram-se por vencidos. Coube ao vereador Santos Guedes fazer a leitura do novo projeto e ao vereador Eloi Farias apelar para que a paz voltasse a reinar no recinto e que, os antigos distritos não guardassem mágoa da sua sede. Posto em discussão, os projetos de Resolução 35 e 36 que autorizavam o desmembramento de Borborema e Dona Inês foram aprovados, a unanimidade de votos, em três sessões seguidas, a última delas, às 22 horas do dia 17 de abril do ano de 1959.No próximo ano, essas duas cidades estarão completando do 64 anos de emancipação política. (Fonte: atas da Câmara Municipal de Bananeiras)

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