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A VERDADE SOBRE A IGREJA MATRIZ

10 de outubro de 2021

 

RAMALHO LEITE

A origem da igreja de Nossa Senhora do Livramento, de Bananeiras, provém de uma lenda. O caçador Gregório da Costa Soares, desgarrando-se de seus companheiros de aventura, terminou aprisionado pelos índios antropófagos que habitavam a região. Invocou a proteção de Nossa Senhora e foi salva por um índia com quem viria a constituir família. Deve-se ao juiz Semeão Cananea a descoberta de um documento que transforma a lenda em história: a escritura de um terreno lavrada no cartório da Vila de Montemor, onde o prisioneiro salvo doava aquele bem para a construção de uma capela em invocação de Nossa Senhora, sua salvadora. A doação data de 1763. No local foi erigida uma capela de taipa que veio a desmoronar e no futuro daria lugar à majestosa Matriz de Bananeiras.
Não há registro da data em que foi concluída a construção do templo. Sabe-se que durou mais de vinte anos. Na entrada da nave principal, em mosaico, está impresso uma data: 1 de 1 de 1861. Por conta disso, muita gente tem escrito que seria essa a data da inauguração da Matriz. Ledo engano. Impossível naquela data o conjunto arquitetônico estar concluído. Há provas que confirmam essa minha afirmativa. A começar do registro existente no Livro de Tombo da própria Paróquia, in verbis: “ No mosaico da nave central da Matriz de N.S. do Livramento desta cidade, encontra-se a seguinte data: 1 de 1 de 1861- corresponde ao lançamento dos primeiros alicerces dessa Igreja Matriz nas missões pregadas pelo Pe. Ibiapina naquela mesma data, continuando o serviço até a realização do magnifico tempo que hoje honra esta nossa cidade. Bananeiras 10 de julho de 1949.”
O gaúcho Silva Nunes, que gosto muito de citar, foi o primeiro governante paraibano a se aventurar pelo interior. Esteve em Bananeiras pelos idos de setembro de 1860.O jornal O Imparcial, conta que o visitante “foi hospedado em casas de residência de dr.Neves….S. Exa. foi visitar a Igreja, sob a invocação do Coração de Jesus que serve atualmente de Matriz… há material disponível para a edificação da Matriz, que se projeta”. Quer dizer, naquela data, estava se projetando a Matriz.
Sabem todos que naquele tempo a Igreja e o Estado eram irmãos siameses. Um dependia do outro. As Freguesias eram criadas pelo Estado e os templos, obrigação do poder público. Assim, um outro governante paraibano chamado Francisco Teixeira de Sá, em mensagem à sua Assembleia Provincial, justificou o andamento das obras da Matriz de Bananeiras: “Progride esta obra sob a administração de uma comissão composta do reverendo Párocho da Freguesia e outros prestantes cidadãos. As respectivas despesas correm por conta de loterias extraídas na Corte, entregues a mesma comissão mediante fiança idônea. Tem-se já dispensado a quantia de 6:245$850, restando ainda a de 4:854$150”. Essa fala do Presidente da Província data de 6 de setembro de 1873, portanto, em 1861 a Matriz de Bananeiras não poderia estar concluída.
Prevalece, pois, a informação do padre José Pereira Diniz, no Livro de Tombo. A data de 1 de 1 de 1861 é a data da pedra fundamental. Isto é, do início da construção do tempo.

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