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Abandonaram o poeta

1 de março de 2018

Ele era presença obrigatória nas tertúlias literárias que se realizavam na cidade. Lançamento de livro sem seu discurso não tinha graça. Percorria nossas ruas sempre andando a pé, vestindo seu impecável e às vezes encardido terno branco e não largando nunca a  pasta de couro, na qual levava os livros que vendia no contato direto com os fãs.

Gostava de cabaré, amava as putas, abrumava a mãe e desafiava a altura da Ladeira da Borborema, onde morava, declamando a plenos pulmões:

“Ladeira da Borborema

Tu és mais arta do que eu

Mas eu posso subir em tu

E tu num pode subir neu.

Certa vez apresentei-o ao historiador princesense Paulo Mariano. Ele olhou o apresentado com certa indiferença e perguntou se Paulo havia escrito algum livro.

-Escrevi dois -, respondeu Paulo.

O poeta retrucou, se retirando:

-Pois eu já escrevi oito.

Quando morreu, o prefeito Ricardo Coutinho o homenageou com um busto em corpo inteiro, colocado na Praça Aristides Lobo, onde está até hoje.

Mas parece que o atual prefeito não conheceu Mané Caixa D`água, porque, se tivesse conhecido, não deixaria sua estátua no abandono em que se encontra.

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2 Comentários

  • Reply Toim de Fuca 1 de março de 2018 at 09:28

    Tião de Princesa,
    “Mas parece que o atual prefeito não conheceu Mané Caixa D`água, porque, se tivesse conhecido, não deixaria sua estátua no abandono em que se encontra”.
    Quero ver em frente ao Residencial LU-LU / AQUA’MARE no começo daquela avenida chique do bairro do Altiplano Nobre vizinha a ESMA, Escola da Magistratura do TJ/PB vc encontrar um cisco no chão, apesar das inúmeras obras de residenciais não menos luxuosos !!!

  • Reply Matheus 1 de março de 2018 at 17:20

    Gestao acefala na capital paraibana. Ele se capitaliza das intervenções do gov estadual, pq obra mesmo, nao tem nenhuma.

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