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Ainda com tristeza no peito pelo fechamento do hospital que levava seu nome morre aos 89 anos médico João Ribeiro

14 de abril de 2020

 

POR MARCOS MAIVADO MARINHO 

Aos 89 anos de idade, morreu hoje (14) em Campina Grande o médico psiquiatra João Ribeiro, irmão do vice-prefeito Enivaldo Ribeiro e dono do antigo Instituto Campinense de Neuropsiquiatria e Reabilitação, mais conhecido na cidade como “Hospital João Ribeiro”, no bairro da Liberdade, que veio a ser fechado pelo SUS após denúncias de maus tratos a idosos.

O velho médico estava com a saúde debilitada há alguns dias e já passara por intermitentes internações hospitalares.

Tio da senadora Daniella Ribeiro e do deputado Aguinaldo Ribeiro, João além da Medicina se dedicou à política partidária, tendo exercido o mandato de deputado estadual e de prefeito de Massaranduba, seu principal reduto eleitoral e onde mantinha negócios.

Desde que o hospital foi fechado, João Ribeiro praticamente se enclausurou na sua granja, no vizinho Município de Lagoa Seca, até que vendeu toda a área para a Prefeitura Municipal, numa operação que veio a ser questionada pela Justiça e lhe agravou os problemas de saúde.

A HISTÓRIA

João Ribeiro, o prefeito Romero Rodrigues e o procurador-geral do município, José Fernandes Mariz, foram denunciados por crime de fraude à execução. A denúncia à Justiça partiu do Ministério Público Federal (MPF) dando conta da simulação de desapropriações do edifício onde funcionava o Hospital João Ribeiro, e do Sítio Louzeiro, na zona rural de Campina Grande.

O procurador negou as supostas irregularidade, mas de acordo com a denúncia, a Procuradoria da tinha na condição de contribuinte.

Em outra denúncia, o médico foi cobrado na condição de responsável tributário por débitos do hospital em um valor total que superou R$ 5 milhões à época e em função dessas ações, a União obteve, de 2010 a 2013, diversas penhoras sobre o prédio do Hospital João Ribeiro e o Sítio Louzeiro, ambos de sua propriedade.

Segundo o MPF, João Ribeiro e Romero Rodrigues, sob orientação de José Fernandes Mariz, celebraram dações em pagamento, que é um acordo em que o credor aceita receber do devedor um bem que substitua o dinheiro necessário à quitação de sua dívida. Essas práticas seriam disfarçadas de expropriações realizadas pelo Município. Dessa maneira, teriam burlado as penhoras realizadas pela União, segundo o MPF.

O procurador disse que a denúncia não procedia e negou ter feito esse tipo de orientação ao prefeito Romero Rodrigues. Segundo ele, no caso do terreno do Hospital João Ribeiro, a prefeitura fez a desapropriação e teria repassado o pagamento do débito direto à Justiça Estadual.

Já sobre o caso do sítio Louzeiro, o procurdaor-geral disse que o processo foi arquivado e que a desapropriação foi um pedido da Curadoria do Meio Ambiente. “O Louzeiro é uma grande área de preservação permanente prevista, inclusive, na Lei Orgânica do Município. O pedido foi feito pela curadoria para transformar a área em um jardim botânico. O Município não sabia que o terreno estava penhorado e atendeu pedido do Ministério Público Estadual. Além disso, o processo de desapropriação ainda não foi concluído, pois há terrenos de outras pessoas”, disse ele na ocasião.

A fraude à execução corresponde ao crime previsto no artigo 179 do Código Penal, que estabelece pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Como a sanção mínima prevista é inferior a um ano, o MPF propos a suspensão condicional do processo, prevista na Lei nº 9.099/95, mediante condições que seriam estabelecidas pelo TRF5, incluindo a reparação dos danos causados pelos réus.

O processo foi resolvido, mas a saúde e a tristeza do médico não.

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