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Da Série Os Campeões da Informação: Marcone Formiga, o menino prodígio da imprensa paraibana

30 de janeiro de 2020

O jornal A União era o melhor do Estado, seu corpo de redatores era formado pelos mais destacados jornalistas de João Pessoa, porém ninguém lia o jornal. A pecha de jornal do Governo perseguia redatores e repórteres e isso a gente sentia quando participava de entrevistas, de coberturas e de festas. Enquanto aos representantes de O Norte e do Correio eram dispensados os melhores mimos, a turma de A União ficava na ponta da mesa, comendo “se me dão”.

Pois foi nesse jornal que ninguém lia que um garoto de apenas 16 anos, recém chegado de Cajazeiras, conseguiu dar os mais monumentais furos da imprensa de João Pessoa, chegando ao cúmulo de ser perseguido por um grupo de papa-defuntos denunciados por ele em reportagem que desnudou a máfia das funerárias da cidade.

Havia uma combinação entre hospitais e funerárias, tendo como intermediários os papa-defuntos, através da qual os candidatos a morte eram apontados e seus familiares assediados pelos vendedores de caixões e de emoções. Os dos hospitais ganhavam comissões e os parentes dos mortos, fragilizados pela dor da perda, eram induzidos a gastar além da conta para enterrar seus entes queridos.

Marcone descobriu e publicou extensa reportagem em A União. Foi um escândalo nacional. Os outros jornais vieram em seguida com a repercussão, mas a glória e o ódio dos coveiros foram todos destinados a Marcone Formiga. Daí a célebre carreira que deu, tendo os papa-defuntos nos seus calcanhares, até se esconder na redação do jornal, no centro da cidade.

A partir de então ele cresceu. Em pouco tempo era o principal jornalista político de A União. Como integrante da bancada de imprensa da Assembléia, incomodou deputados e chegou a levar um soco de um conhecido parlamentar, que não gostou de um dos seus comentários.

Trabalhou em todos os jornais de João Pessoa, foi correspondente de veículos do sul. Viu que o espaço aqui estava pequeno para o seu talento e foi embora para Brasília, onde trabalhou para jornais e revistas, até que fundou sua própria revista, a Brasília em Dia e sua editora.

Ele foi, sem sombra de dúvidas, o menino prodígio da imprensa paraibana.

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