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Domingueiras do Tião

6 de março de 2022

A HISTÓRIA DE UM LUQUINHA QUE NÃO ERA LUQUINHA

Luquinha era de Piancó e ficou famoso pela valentia. Matava gente, era pistoleiro. A sua conta de mortos ninguém sabia somar, tantos foram os que caíram vítimas dos seus tiros certeiros.

Virou lenda.

A Polícia jamais o prendeu. Dizia-se em Piancó que ele se envurtava, virava formiga quando a Polícia se aproximava.

A mãe de Luquinha era feiticeira e tinha poderes sobrenaturais. Ela benzia os revólveres, as balas e ficava rezando no exato momento em que ele estava atirando em alguém. Ela falava para os quatro cantos do mundo ouvir: “Enquanto eu viver polícia nenhuma prenderá Luquinha…”

Os mais idosos diziam que Luquinha tinha o corpo fechado. Bala e peixeira não penetravam nas veias sanguíneas dele.

Comentava-se que Luquinha quando recebia a foto de uma futura vítima, dizia ao contratante do serviço: “Eu já estou com ódio desse sujeito”.

Morreu aos 86, assassinado por um parente. Quando morreu já não sabia quem era ou o que foi. Estava caduco.

Muita gente se aproveitou da sua fama para matar em seu nome.

Outros quiseram se aproveitar da semelhança física para levar vantagem na vida.

Como fez Dadá de João Olímpio, a cópia fiel de Luquinha, mas só na aparência, já que nos gestos e atos era frouxo que dava gosto.

Media 1,50 de altura, pesava 50 quilos, franzino e dono de um narigão enorme. Era metido a valente, mas só metido. Nas brigas apanhava de dar dó.

Todo fim de semana, selava o cavalo e ia para a cidade de Icó beber cachaça.

Certa vez encontrou um conterrâneo de Aguiar, no Vale do Piancó, que ao vê-lo perdeu a fala, achando que estava diante do pistoleiro Luquinha.

“Luquinha, que diabo tu veio fazer no Icó, Luquinha? Tu tá ficando doido? Aqui é boca quente, homem.  Se tu veio fazer algum serviço aqui arregale bem os olhos, se não tu vai se lascar”.

Dadá, claro,  ficou se achando.

E na festa de São Sebastião do Distrito de Lima Campos, depois de encher a pança de cervejas e desfrutar das comidas da “Peixada de Zé da Barragem”, acompanhado por uma moça que ele tinha trazido da Rua da Palha, na hora de pagar a conta, sem uma prata no bolso, Dadá perguntou a Zé se ele já tinha ouvido falar em Luquinha da Paraíba. Zé respondeu: “Já ouvi sim, Senhor.” Dadá deu meia volta, colocou o pé no estribo do cavalo, montou, ordenou que a quenga pulasse na garupa, e disse: “Pois muito prazer. Você está falando com Luquinha da Paraíba em carne e osso”. O coitado de Zé da Barragem tinha ingerido uma xícara de chá de quebra-pedra (Remédio caseiro para doenças dos rins), quando ouviu essa prosa deu uma mijada que fez biqueira nas pernas da bermuda. Perdeu a fala por alguns minutos. E quando entrou em órbita disse: “Seu Luquinha a casa aqui é sua. Faça o que quiser.”

Deu tudo certo. Dadá sentiu firmeza e foi fazendo o mesmo nos outros bares e peixadas do lugarejo. Por algumas horas ele causou terror. A curiosidade do povo era para descobrir quem seria o candidato a defunto (Comentava-se que Luquinha não perdia viagem. Algumas vítimas ele conduzia na garupa do cavalo para prestar contas com o mandante). A tradicional festa de São Sebastião poderia se acabar a qualquer momento sob intenso tiroteio.

Aí apareceu Anselmo Camelô, que estava vendendo a banha do peixe boi na calçada da Igreja e ficou intrigado ao perceber que os seus fregueses estavam fugindo assustados. Observou aquela movimentação. Viu quando umas velhinhas se benzeram ao cruzar com Dadá montado naquele cavalo.

Anselmo entrou em cena, descobriu a farsa, e anunciou:

“Que conversa de Luquinha da Paraíba. Esse cu de cana é Dadá de João Olímpio, lá do Sitio Carro-Quebrado, de Icó.”

Na mesma hora os comerciantes se organizaram, derrubaram Dadá, tomaram o cavalo e deram uma surra nele.

O miserável só escapou de morrer porque quando Zé da Barragem lhe acertou uma paulada no lombo ele caiu emborcado no buraco do esgoto, e se fingiu de morto. Foi a estreia e também a última vez que Dadá se impostou de “Luquinha da Paraíba”.

Com a colaboração de João Dino, autor do excelente “Histórias, Estórias, Crônicas e “causos”.

 

NIVER DE MIGUEZIM

Não poderia faltar às Domingueiras o acontecimento social da semana, o evento mais badalado em Brasília e em alhures, que foi o aniversário de Miguel Lucena Filho, o Miguezim de Princesa, o irmão mais novo do Tião Bonitão que vos fala e dos outros irmãos paridos por Dona Nila, sob a batuta do maestro Miguel Lucena, o Migué Fotroga de Princesa.

 

NIVER DE ZÉ LUIZ

Zé Luiz(aqui com sua amada Jeanne Karla) foi outro a aniversariar. Conterrâneo de Princesa, neto de Dona Licina, sobrinho de Bosco Bagaceira, colega de trabalho na PGE, técnico em computação formado e doutorado com louvores, meu quebra galho quando o computador aqui de casa dá o prego, gente fina, por quem tenho respeito e admiração.

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2 Comentários

  • Reply Angela 6 de março de 2022 at 05:17

    Em qualquer país do mundo civilizado
    quando alguém tenta justificar sua
    fala machista dizendo: ” Não sou
    santo, sou homem”, o que se entende
    é : NÃO SOU SANTO, SOU UM
    CAFAJESTE.

  • Reply Paulo Marcelino 6 de março de 2022 at 08:37

    O governador da Paraíba anunciou a construção da adutora do cariri, que vai de Monteiro até Teixeira-PB. Se a obra for como a restauração da estrada que liga Taperoá a Teixeira-PB, pode esperar que em 2030 poderá está pronta. As obras desse governo são lentas e demoradas. O governador é falastrão, muito fraco.

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