A VISITA DE ALCIDES E O INUSITADO PRESENTE
Imagem meramente ilustrativa
A cidade de Princesa fez festa de três dias para receber a visita do seu filho mais ilustre, o ministro Alcides Vieira Carneiro, nascido na Rua Nova, filho do Véi Vicente, retornando à terra natal depois de percorrer mundos, falar nas mais diversas tribunas, ganhar título de patativa e de poeta, exercer mandato de deputado federal e por fim tornar-se ministro do Tribunal Federal Militar.
Acontecimento inédito e marcante, diziam nas esquinas os princesenses reunidos. O foguetão pipocava na entrada da cidade, banda de música perfilava-se para tocar o dobrado das boas vindas, os chefes políticos do lugar, enfatiotados com as melhores roupas, exibiam-se para receber o visitante, palanque armado na rua principal aguardava o discurso de Doutor Alcides, o maior entre os maiores oradores do Brasil, não perdendo nem para o baiano Ruy Barbosa, que embora falasse bem, não falava bonito feito o princesense.
E a festa descambou para mais da conta; a cidade nunca experimentou um acontecimento daqueles, nem mesmo nas missões de Frei Damião depois das proibições feitas pelos Carmelitas ciumentos se viu uma coisa semelhante.
Festa de meio de rua, o povão tendo acesso, Alcides Carneiro falando às multidões, Belo Medeiros decorando o discurso para nos anos seguintes declama-lo durante as tertúlias etílicas com Valdério e Zé Góes, finalmente chegou a hora da festa mais íntima destinada aos convidados escolhidos a dedo no sobrado de Zé Pereira, na Rua Nova, reduto de lutas políticas e revoluções.
Almoço que os da rua sequer viam, apenas sentiam o cheiro e enchiam a boca d`água, água da fome, da vontade de comer, de ver com os olhos e lamber com a testa como diziam no lugar.
Outros discursos, muitos outros, mimos ao ministro, que ganhou broches, mantas de carne de sol, sacos de feijão de corda, fotografias retratando a sua meninice, mil lembranças das mais variadas fases da vida do ilustre conterrâneo.
A certa altura irrompe na sala o tabelião trazendo um envelope amarelo, volumoso. Coloca-o sobre a mesa, abre-o e tira de dentro maçudo processo de quase mil páginas. Fora retirado das prateleiras mofadas e presenteado ao ministro. O tabelião dava-o a Alcides para que, no Rio de Janeiro, o exibisse como retrato de uma época esquecida, como uma prova das injustiças que a justiça às vezes pratica. Lia-se na capa do processo, em letras grandes, desenhadas a bico de pena: “PROCESSO QUE APURA A MORTE DE ILDEFONSO LACERDA LEITE, OCORRIDA NA VILA DE PRINCESA NO ANO DE 1902”.
Alcides guardou o presente, levou-o para o Rio de Janeiro, onde anos mais tarde morreu e foi enterrado com processo e tudo.
ENNE DE OTACÍLIO
Carapibus ficou pequena para o tamanho da festa oferecida ontem por Otacílio Trajano para comemorar o aniversário de sua amada Enne.
Ali é amor pra séculos sem fim, amém.
CHICO E CHICO
Os dois Chicos se encontraram para um café regado a muitos assuntos. Ambos são lá do sertão, vieram pra cá estudar, se formaram e venceram na vida.
Chico Pinto, jornalista, hoje aposentado, entrou no ramo do comércio e se transformou em próspero empresário no ramo de colchões.
Chico Ferreira ainda não se aposentou, é mais novo. Farmacêutico, advogado, tem uma banca de advocacia das mais requisitadas. Trabalha aqui, em Brasília e em São Paulo. E nas horas de folga, quando não toma café com Chico Pinto, curte o frio de Bananeiras.
NIVER DE RAPOSO
Os amigos de Manuel Raposo se reuniram para cantar “parabéns pra você, nesta data querida”. O velho e sempre jovem Mané interou mais uma era com o eterno jeito de jovem recém saído da adolescência.
2 Comentários
Fala do ODE em Princesa ….Dr. Tião
Ouvido numa lanchonete lá pras bandas da Rua da Areia: “Meninas, olha só quem é o aniversariante!? O baixinho do fusquinha amarelo”.