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Domingueiras do Tião

16 de outubro de 2022

AMOR INTERESSEIRO

O homem era feio. Feio, velho, barrigudo e desdentado. Os poucos dentes que sobraram em sua enorme boca estavam podres. Mas era engenheiro, tinha anel no dedo, comandava a emergência, vinha da Sudene para dirigir os cassacos alistados no eito da estiagem. Por isso se tornava bonito, alguns o achavam lindo e não faltou pai zeloso para lhe oferecer a filha bela em matrimônio.

Hospedado na pensão de Zé da Fubica, botou logo o olho comprido em cima da bela Zuleide, morena com cara de índia e andar de gazela, cobiçada pelos rapazes pobres e ricos do lugar.

O homem de anel no dedo, claro, passou na frente dos outros pretendentes. Zé da Fubica deu até festa para comemorar o noivado. Namoro, noivado e casamento num vexame de moça perdida, de moça que soltou a pureza nas mãos do visitante para amarrá-lo aos sagrados laços.

Foi uma tristeza grande na cidade. Teve rapaz que roeu durante um mês. O estoque de Pau Dentro de Zé Brejeiro foi esgotado várias vezes. As serenatas ao luar com músicas de tristeza viraram rotina.

Mas de nada adiantou. A bela Zuleide partiu. E levou o pai, a mãe e os irmãos a tiracolo.

Nunca mais se falou nela ou dela, notícias do seu paradeiro ninguém soube dar. Alguns supõem que ficou viúva, o marido, já passado nos anos, não teria aguentado o rojão e se mudara para o outro mundo, deixando a viúva no maior dos desconsolos.

De Zé da Fubica e dos seus rebentos também ninguém deu mais notícias. Envurtaram-se, sumiram no oco do mundo.

E as lágrimas de roedeira dos rapazes um dia secaram. Outras Zuleides apareceram para consolar seus corações feridos.

 

NIVER DE ZEBEDEU

Zebebedeu, como o chamo, na verdade foi batizado com o nome de Flávio Alberto. É uma pessoa maravilhosa. Cabra autêntico, que não nega fogo, foi o primeiro e talvez o único amigo que fiz em Solânea, ali pertinho de Bananeiras. Hoje é o seu aniversário e ele me pediu para fazer o registro com esta foto que ele tirou, ao lado de Ricardo Coutinho, no último dia 10, quando Ricardo esteve lá pedindo votos pra Lula.

 

NIVER DE HILDEBERTO

Sem favor nenhum, trata-se do maior crítico literário da Paraíba, quiçá do Nordeste. Escreve como uma cachoeira que nunca seca. Todo santo dia posta textos no Facebook, escreve em jornais, faz prefácios e apresentações de livros, é imortal da Academia, sócio do IHGP, em suma, só não faz chover, mas isso não é definitivo, temos muita estrada pela frente e, quem sabe…

Falo, claro, de Hildeberto Barbosa. E não poderia ser outra pessoa com tantas qualidades.

 

NIVER DE CAMILO

Outro que aniversariou na semana que termina hoje foi o meu amigo Camilo Macedo. Companheiro de velhas jornadas, dos tempos áureos do Correio Debate de Luiz Otávio, juntos fizemos coberturas históricas, como a daquela convenção que escolheu Tancredo presidente da República e a outra, anterior  a esta última, que botou Paulo Maluf como candidato a presidente, representando os milicos.

Hoje é um advogado brilhante, ganhador de causas impossíveis.

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