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Domingueiras do Tião

1 de outubro de 2023

EITA MUNDO PEQUENO!

Em janeiro de 1945 o correspondente de guerra, Rubem Braga, encontrou nos campos de batalha da Itália um pernambucano de Afogados da Ingazeira, que, como contou mais tarde, se alistara no Exército por causa de uma raiva  que teve em Princesa, na Paraíba. Ele tangia bois e ao tentar passar com a boiada na terra de Zé Pereira, foi impedido por não portar a carteira de reservista. Revoltado, juntou os trapos numa mala velha e foi embora, para o Exército, firme no propósito de um dia voltar, documentado, para completar a viagem.

 

Seu nome: Otacílio Braz Leite.

 

E a sua história, nas palavras de Rubem Braga:

 

“Outro dia eu estava na estrada à procura de uma reportagem, mas o “carro-comando” enguiçou num atoleiro e escureceu sem aparecer quem nos tirasse de lá. Então comecei as conversar com o motorista – e essa conversa dá uma crônica.

 

O motorista é um rapaz louro, de bigodes louros e, como o conhecia pouco, pensei que fosse de Santa Catarina, por exemplo, mas estranhei o seu sotaque. Ele me explicou que era nascido em Afogados da Ingazeira e residente em Carnaíba das Flores, Estado de Pernambuco, e se chamava Otacílio Braz Leite.

 

Perguntei como é que ele veio parar no Expedicionário e ele explicou:

 

– É porque eu fui levar uma boiada na Paraíba…

 

A história é perfeitamente verdadeira: Esse homem está aqui, ao meu lado,numa horrível estrada dos Apeninos ouvindo a explosão das granadas alemães, nesta tarde de chuva e frio, porque uma vez foi levar uma boiada à Paraíba…

 

– Não era muito gado, mas era só reprodutor bom, umas 37 cabeças. Meu pai tem uma fazenda de criação em Carnaíba das Flores e eu sempre viajava pelo sertão para buscar boi e levar boi. Dessa vez eu tinha que tocar por umas 100 léguas, até Sousa, no sertão da Paraíba,mas quando cheguei em Princesa não pude passar. Teimei muito, mas disseram que sem carteira de reservista eu não passava com o gado. Então fiquei danado e voltei com o gado até Carnaíba e disse lá em casa que ia dar um passeio. Botei a mala nas costas e andei 5 léguas, até Afogados.

 

Lá arranjei lugar num caminhão para Garanhuns e em Garanhuns peguei outro caminhão para o Recife. Perguntei onde era o quartel, fui a Socorro, me apresentei no 21º B.C.

 

O resto da história é simples: O voluntário Braz foi depois transferido para o 14º R.I. e ali ficou sendo ordenança do Capitão Sílvio Cahu. Esse oficial foi depois para São Paulo, onde servia no Q.G. da Região – e o ordenança foi também. Um dia o comandante da Região – que era o General Mascarenhas – foi nomeado comandante da Força Expedicionária – ordenança e capitão o seguiram. Nesses 5 anos de Exército, Braz aprendeu muita coisa, e entre outras a ser motorista. Diz que gosta mais de equitação, que também aprendeu – o que é natural em um vaqueiro. (E eu acho que ele deve saber andar a cavalo melhor do que dirigir “carro comando”.)

 

– Esta vida é engraçada. Lá eu levava tropa de boi, aqui, às vezes, me dão um caminhão e eu levo tropa de gente…”

 

– Braz, o que é que você vai fazer quando acabar a guerra?

 

– “Bem, eu tenho uma noiva, quero ver se caso. Depois vou para a fazenda…”

 

E pensando nas boiadas:

 

– Eu só quero ver se eles vão me barrar outra vez lá em Princesa.

 

NIVER COM CUSCUZ

Foi para comemorar o aniversário de Tadeu Mendes Florêncio, o guerreiro conterrâneo de Princesa, que nos juntamos no restaurante de Dona Francisca em Mangabeira, domingo, para degustar o seu já famoso cuscuz com rabada, bode com rabada e arroz de leite com bode.

E desta vez com as presenças da filha Niâni, do genro Amilka e das netas Emília e Priscila…

…além do mano Edmilson e do ex-deputado e futuro vereador por João Pessoa, Edmilson Soares.

 

AMOR DIVERSO

Amor Diverso é o título do livro de Antônio de Souza, o novo escritor da praça, parido nos longes rurais do Curimataú e amigo do meu amigo Cícero Lima.

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1 Comentário

  • Reply WERGNIAUD ANTONIO BRECKENFELD ALEXANDRE 1 de outubro de 2023 at 11:37

    Ganhei meu belo domingo, com a leitura maravilhosa da crônica do gênio das letras Rubem Braga. 👏👏👏👏👏👏👏👏👏

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