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Domingueiras do Tião

8 de outubro de 2023

O MUDO

Havia um mudo no final da rua do Cancão. Morava só, numa casinha apertada, imprensada entre um muro e a oficina de ferreiro de Expedito.

Não tinha família, nem mesmo o nome de batismo era conhecido.

Chamavam-no de O Mudo.

Comia do que lhe davam, vivia da caridade alheia.

E um dia desapareceu, sendo encontrado morto, já inchado e cheio de bolhas, na estrada da Timbaúba.

Eu, menino, com os demais meninos da rua, fomos olhar o recolhimento do corpo.

Parecia uma festa.

Jogaram ele numa rede e levaram direto para o cemitério, sem direito a encomendação do corpo.

Corpo de pobre não se encomendava. Quando muito alguém tirava uma reza ligeira e logo corria com o corpo para os finalmente.

Mas quando o morto era rico, o padre inchava a veia do pescoço e fazia um discurso.

Numa dessas solenidades, choraram a Filha de Maria, o sacristão, os coroinhas também choraram e o público em geral nem se fala.

O padre lembrou os parentes do jovem morto, disse que ele ia se encontrar com a mãe no céu e até previu uma auréola para o dito cujo em futuro não muito distante.

Para o mudo sobrou o caixão da caridade, que era usado para transportar o corpo da capela do cemitério até a cova. Lá o corpo era despejado no buraco e coberto pela terra. Se tivesse como, botavam uma cruz em cima do amontoado de barro, mas nela nada se escrevia, nem nome, nem sobrenome, nem data de nascimento, nem de morrimento.

Dizem que da casa abandonada do mudo foi desenterrada, tempos depois, uma botija cheia de moedas antigas, de prata e de ouro.

Mas se isso foi verdade ou não, ninguém conseguiu provar. Viu-se, isso sem explicações, vizinhos dele, do mudo, mudarem de vida da noite para o dia, uns ostentando roupas novas e outros indo mais além, botando bodegas, mercadinhos e comprando jipes.

Mas a quem perguntava, eles diziam que tinham acertado no bicho.

 

NIVER DE HENRI

O ex-governador Ricardo Coutinho registrou o aniversário do filho Henri com uma mensagem que teve repercussão gigante por causa do desabafo de um pai obrigado a viver privado do convívio com o filho, sem, contudo, abrir mão do  amor:

Meu amado Henri, te desejo uma vida longa cheia de saúde e, principalmente, sabedoria. Te amo profundamente e quero que sejas humano, solidário e afetuoso com as pessoas e o Mundo. Dessa forma, viverás bem mais feliz. Nada me afastará de você, nem pessoas e nem uma (in)justiça perversa e cruel. Um abraço bem forte como esse que as águas da Barragem de Jandaia, em Bananeiras, nos deram. Te amo, filho”.

 

ELEIÇÃO DA AMIDI

Foi um encontro da democracia. Jornalistas midiáticos reunidos elegeram Heron Cid para mais um mandato à frente da Associação das Mídias Digitais e Geordim Tampa de Furico Filho, aqui abraçado ao seu grande amigo Vavá da Luz, foi eleito para representar a Associação no cariri.

Houve um incidente desagradável, fiquei sabendo. Um empresário da mídia teria agredido com palavras e ameaçado de agressão física um destacado comunicador por não ter sido convidado para uma entrevista de radialistas no sertão de Cajazeiras.

Mas, tirante isso, tudo correu dentro da maior tranquilidade, com a feijoada dando no meio da canela.

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1 Comentário

  • Reply Zé bedeu 8 de outubro de 2023 at 07:45

    Mestre Tião, tú és inoxidável!

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