CORRESPONDENTE DE O GLOBO
O jornal O Globo me contratou para tirar as férias do seu correspondente aqui na Paraíba. Deveria mandar uma matéria por semana e até poderia ser mais, dependendo do assunto. A primeira foi manchete de quatro colunas. Entrevistei um delegado federal e ele me disse que filhos de magistrados costumavam ingerir drogas e que os pais eram coniventes.Isso se deu na década de 80, quando ingerir drogas era pecado mortal.
Assim que a matéria saiu em primeira página, o delegado arregou e mandou me prender.Eu estava na casa dos sogros num final de sexta-feira quando chegaram Luiz Otávio e Barbosinha, esbaforidos, informando que iam me levar para um lugar seguro porque os PFs estavam a caminho.
Fiquei escondido no endereço de um parente, no Cristo Redentor, enquanto Luiz e Barbosa iam ao encontro de Geraldo Beltrão para providenciar o habeas corpus preventivo que me livraria da cadeia. O habeas-corpus foi assinado de madrugada por um juiz federal amigo de Geraldo e eu não fui preso. Tempos depois o delegado foi processado por um dos ofendidos.
A segunda matéria também foi manchete. Anunciei a saída do deputado Marcondes Gadelha do MDB e a consequente filiação ao PDS . Marcondes era um dos autênticos do MDB, nome nacional, figura de destaque em todos os fóruns. Ele negou, o Globo me demitiu e um mês depois Marcondes assinava a ficha de filiação ao PDS sob as bençãos do general Figueiredo. E se elegia senador da república.
AMOR E PECADO
Finado Sete Couros, se vivo fosse, faria a festa nos visuais que as mulheres passaram a exibir nas eras ditas modernas. Elas não se acanharam mais em mostrar as abas das coxas, exibir as calcinhas como se estivessem mostrando um simples joelho e algumas dispensaram a indumentária, somente para que algum curioso desse notícia de seus segredos com apenas uma cubada.
Naquele tempo, e não faz tanto tempo assim, Sete Couros comandava a turma que se escondia nos desvãos da Pixilinga para espiar aba de coxa, bolacha de joelho e, quando muito, um bico de peito, para, usando os olhos e parodiando a fantasia, suprir as carências sexuais impostas por um tempo de profundas abstinências.
Quando não era desse jeito, corria-se para as ancas de Veneza, a famosa burra de pastos verdejantes, que deixou de ser animal de montaria com sela de couro para ser amante de sisudos senhores casados e irresponsáveis adolescentes. A danada era tão sabida que, ao primeiro assovio, corria logo para a pedra mais próxima, levantava o rabo e ficava à espera do amor.
De vez em quando, infelizmente, acontecia um acidente de percurso.
O último e mais famoso ocorreu numa sexta feira perto do meio-dia no chamado Banheiro dos Homens do Açude Velho. Os irmãos Joca e Jovino se arrastaram pelo capinzal para ver de perto a senhora que se banhava tranquilamente numa loca. Joca foi por um lado, Jovino pelo outro, ambos procuraram o melhor ângulo de visão, começaram os serviços, mas, como Joca chegou mais perto e viu melhor, de logo alarmou:
-Juvino, já coisou?
Diante da resposta negativa, Joca anunciou a tragédia:
-Pois não coise, porque quem tá lá tomando banho é mãe.
NA FEIRA DO ZÉ AMÉRICO
A turma do cuscuz do Zé Américo se reuniu em torno do ilustre advogado Manoel Arnóbio, que por sua vez recepcionava destacada figura do Banco do Brasil de Princesa, tudo com muito cuscuz, bode, porco e picado de bode.
Foi um verdadeiro SU, como bem afirmou Tadeu Florêncio.
1 Comentário
Não ser de Princesa já me dói, agora ser excluído por isso…