NÃO TEM COMO COMPARAR
Não éramos melhores do que ninguém, éramos unidos, o que desse para um dava para todos, jornalista errava, mas ninguém do lado de fora estava autorizado a criticar um colega, ofender menos ainda, agredir então, nem se fala, era mesmo que assanhar um enxame de abelhas.
Não se cobrava solidariedade, dava-se sem querer nada em troca, não existia esse negócio de pisar no companheiro para lhe tomar o lugar, havia espaço para todos, para os letrados e para os menos letrados, todo mundo cabia debaixo do guarda-chuva.
Jornalista não ficava rico, não morava em mansão, quando muito ganhava uma casinha da Cehap ou se abrigava nas casas que Jair Santana conseguia via Sindicato dos Radialistas. Para se ter uma ideia, no meu tempo somente dois do batente possuíam carros: Dorgival Barbosa tinha um fusquinha que comprou com o lucro das joias que vendia e Cícero Lima tinha um graças ao salário que recebia na Assembleia como assessor do deputado Aércio Pereira.
O restante andava no carro de mocotó, pegava ônibus ou bigu.
E não se diga que isso acontecia porque éramos jornalistas menos capazes. Eram capazes até demais. Tínhamos Júlio Santana chefiando a editoria política de O Norte, Marcone Formiga dando show no velho Correio, a redação de A União era a universidade do jornalismo, contava com textos finais de Aguinaldo Almeida, Rubens Nóbrega, Marcone Carneiro Cabral,Assis, Josemar Pontes,Feitosa e por aí vai. Nossa bancada de imprensa na Assembleia era respeitada, deputados pediam licença para falar com a gente, não existia esse negócio de bajular político para ganhar assessoria, o toco existia, não se pode negar, mas era o toco inocente que se dava para interar a fava da 13 de Maio ou a sopa do 2113.
Giovanni Meireles, Wellington Fodinha, Zé Euflávio, Bibiu e Miguezim Lucena, Valaque e Zé Carlos, Crispim, Gonzaga, Biu Ramos, Gilvan de Brito, Josinaldo, David, Geordie, Fred, Vavá, Nathanael, Chico Pinto, Malvino, Teócrito, Evandro, Nonato, Lenilson, Linaldo, Carlos César, Werber, Zé de Souza, Hilton Gouveia, Frutuoso, Marcos Maivado,Zé Duarte, Zé Nunes, Sitônio, Anco Márcio, Marcos Tavares, 1berto de Almeida, Aldo Lopes, Sérgio de Castro Pinto, Galvão, Eraldo, Erialdo, Clilson, Dércio, Abelardinho, Luiz Otávio, Barbosinha,Abmael, Pedro Moreira, Leila, Paulo Santos, Lelo, Caldeira, Gilson, Maurílio, o time era grande, enorme, incomparável, insubstituível.
Hoje o negócio está esculhambado. Tem gente se exibindo como jornalista e não sabe escrever um ditado, mesmo assim come do bom e do melhor nos restaurantes e quando recebe a conta, joga-a sobre a mesa do deputado, do vereador ou do prefeito que estiver mais perto para que ele pague.
É uma vergonha ler certos textos que poluem a internet, gente totalmente desprovida de conhecimento da língua, assassina o português e estufa o peito como se importância tivesse.
Por isso ando afastado, trancado em casa, me aventuro quando muito a um cuscuz na feira com os companheiros de tempos idos.Não dá pra conviver, não tenho como aguentar.
E vou terminar aposentando a pena.




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