Luizinho de Calu era uma grande figura de Princesa. Agricultor, comerciante, dono de bar, declamador de versos, mantinha uma freguesia cativa na sua biboca que ficava na descida para os tanques de Joaquim Mariano.
Dava gosto beber umas lapadas de vinho de jurubeba Indiano ao pé do balcão ouvindo as loas de Luizinho. E quando a ele se juntavam os irmãos Toinho e Joãozinho, a diversão ficava maior.
Quem chegava para beber e pedia a dose de qualquer coisa, via logo Luizinho pegar o copo e lavá-lo na água turva da famosa bacia de plástico que mantinha num canto do balcão. A água era renovada pela manhã e passava o dia inteiro recebendo copos sujos de cachaça, de vinho, de conhaque e outras iguarias. Luizinho enchia o copo com a água da bacia, sacolejava , devolvia a água sacolejada ao recipiente e enchia o copo com a bebida.
Nas noites de sábado ele abria as portas da budega para o famoso bolo doce. As pessoas dançavam pagando a cota, o próprio Luizinho cobrava e se o cabra não pagasse, era convidado a se retirar.
As moças não podiam recusar uma dança. Quem o fizesse era obrigada a ficar na cozinha, lavando as loiças e servindo tira-gostos.
Um dia Luizinho flagrou alguém roubando peças de uma bomba d`água do seu sítio no Jatobá, pegou as peças de volta, deu uma lição de moral no ladrão mas não o denunciou à Polícia.
O ladrão guardou mágoa e certo dia atirou nele pelas costas. Três tiros vararam as costas de Luizinho, que, ferido, foi levado à vizinha Serra Talhada, onde morreu.
E o Cancão perdeu a sua maior graça.
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