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Em tom de desabafo

31 de julho de 2018

Nunca quis ser melhor do que ninguém. E olhem que na vida já fui muita coisa. Mas aprendi com meus velhos, pobres velhos que nos criaram pobres e humildes, que não somos nada. Todos vamos morrer mais dia, menos dia, de modo que, com nossa ida, deixamos aos que ficaram ou nosso exemplo ou a vergonha que sentirão de nós.

Faz 40 anos que sou jornalista e nessa profissão já ocupei cargos dos mais diversos. Fui repórter, colunista, chefe de reportagem, editor setorialista e secretário de redação. Também fui assessor de imprensa. E, voando mais alto, secretário de importante Prefeitura e até secretário de Estado.

Há exatos 33 anos sou Procurador do Estado da Paraíba. Nesta função cheguei a ocupar o cargo de Corregedor.

Pois bem, com esse curriculum na bagagem, nunca saí do meu status quo.

Nunca fiquei rico. O que ganho dá pra comer e vestir. E no final do mês, a renda e a despesa, quando uma não ultrapassa a outra, empatam.

Hão de dizer: Não ficou rico porque é besta.

E deve ser mesmo.

Mas uma outra coisa me impede de caminhar nessa estrada do tudo fácil: o medo de envergonhar minha família.

Eu jamais admitiria ver um filho meu ser apontado no meio da rua como o filho do corrupto, do jornalista que ganha dinheiro extorquindo autoridades ou que faz da sua profissão instrumento de chantagem.

Eles saberão que respondi a inúmeros processos judiciais porque defendi aquilo que considerava verdades.

E que em nenhum momento fui processado por ser corrupto ou desonesto.

Esse patrimônio moral não tem preço.

Embora alguns achem que não vale nada.

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