ENFRENTANDO A QUARENTENA

Sebastião Gerbase é um velho companheiro dos bancos de faculdade. Auditor Fiscal aposentado, advogado que se dá ao luxo de defender quem ele quer, o bom humor em pessoa e, despretensiosamente, um poeta na exata expressão da palavra.

É dele essa trova:

 

Nunca mais saí de casa

E não devo reclamar

Se há tantos que não tem

Uma casa pra morar

Falando “poucas e boas”

É pelas outras pessoas

Que eu fico a lamentar.

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Mas Gerbasi não está só. Há um time de primeiro mundo atuando para tornar nossa quarentena mais amena. Marcos Pires está escalado na ponta direita. E o dia todo nos brinda com o seu diário da quarentena, com frases que têm o condão de desmanchar qualquer cara feia.

Agora mesmo ele vem com essa:

 

“Tô nem aí pra crise…

Ontem comi picanha, hoje camarão e amanhã vou de galinha caipira. Alguém conhece outros sabores de miojo?”

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E Marcos Pinto, o nosso pintor/escultor! Pois ele está um danadinho na escrita. É cada uma dele!

 

“Sonhei que estava num bar bem bonito. Pedi um uísque duplo e o garçon perguntou: “Com gelo ou puro?” Respondi: “Com gelo”. Ele foi no balde pegar o gelo. Acordei. Se tivesse pedido puro tinha dado tempo. Que droga!”

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Miguezim Lucena, meu irmão caçula e poeta, atacou de cordel. Fez uma peleja com Vital Fairas a la Zé Limeira que foi de entortar o cano:

 

Vitalzim:
Zé Limeira foi pra guerra,
Mas não encontrou ninguém
Nesse dia andou de trem
Foi parar na Inglaterra
Nesse Trem subiu a Serra
Aonde canta o vem- vem
Trocou a nota de Cem
Dividiu com Zé Raimundo
Ou se salva todo mundo
Ou não escapará ninguém!

Miguezim:
Zé Limeira deu um tiro
Para acertar o chinês
Errou mais de uma vez
Quase matou Biro Biro
Esqueceram Waldomiro
Pedindo uma nota de cem
Ninguém liga pra vintém
Se é cheia a tampa do fundo
Ou se salva todo mundo
Ou não escapará ninguém!

Vitalzim:
O jumento que se preza
Nunca abandona a jumenta
Lhe morde no pau da venta
Mesmo assim não lhe despreza
Sei que um jumento não reza
Mas entendeu muito bem
Quando Jesus disse amém
com o sentimento profundo:
Ou se salva todo mundo
Ou não escapará ninguém!

Miguezim:
Mané Gato do Cancão
Gostou de Chica Muvara,
Mas, quando ela viu a vara,
Correu para Conceição,
Se montou no caminhão,
Amorcegou-se no trem,
Fez uma roncha no sedém,
Que é a porta do fundo,
Ou se salva todo mundo
Ou não escapará ninguém!

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Claro que não poderia faltar o presepeiro. Renato do Bar do Funcionários II acordou cedo, botou a cabeça na janela e chamou Gilvan seu vizinho para contar um sonho que teve na noite anterior:

-Gilvan, rapaz, sonhei que a gente tá os dois nu no mato, eu correndo na frente e tu atrás de mim gritando “agora é eu, agora é eu!”