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Flagrados com a boca na botija, bolsonaristas paraibanos ameaçam jornalista que vazou suas inconfidências

26 de junho de 2019

Mudar o nome do grupo desmascarado; tentar identificar o responsável (ou responsáveis) pelo vazamento que revelou os planos para atacar políticos por meio de outdoors; e promover ameaças – inclusive físicas – a um jornalista da TV Tambaú, afiliada do SBT em João Pessoa, que seria o suspeito de ser o autor das matérias jornalísticas publicadas com exclusividade pelo Diário da Paraíba (DP).

Estas foram as providências implementadas pelos integrantes de um grupo de direita da Paraíba que preparava na semana passada ataques a políticos paraibanos contrários à gestão armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A articulação dos bolsonaristas para essas medidas ganhou peso na noite do último dia 19, assim que a primeira matéria do Diário da Paraíba sobre o caso começou a se espalhar e repercutir pelas redes sociais.

Para obter os dados da trama contra os três senadores paraibanos e contra João Azevêdo e Ricardo Coutinho, ambos do PSB e respectivos governador e ex-governador do estado, a reportagem do DP se “inscreveu” no grupo direitista e passou a participar do chat dos membros bolsonaristas.

Todavia, um repórter da TV Tambaú entrou no grupo se identificando e informando que estava interessado em fazer uma reportagem para a tevê onde trabalha. O repórter foi bastante hostilizado. Os direitistas não concordaram em dar entrevistas e determinaram que o profissional da imprensa “vazasse” do grupo. Eles se mostraram bastante agressivos.

Ele afirmaram que, só depois que os outdoors estivessem nas ruas de João Pessoa e Campina Grande, é que iam “pensar em dar entrevistas”. Intimidado, o repórter saiu do grupo. Logo depois, quando o DP publicou a primeira matéria (de sua autoria e não do profissional da TV Tambaú), eles começaram a afirmar que o vazamento só poderia ter partido do repórter que queria uma entrevista (o que, realmente, não foi). Um dos bolsonaristas do grupo chegou a escrever no chat: “Que escroto [referindo-se ao repórter da TV Tambaú], merece uma surra boa”.

Antes, um deles havia registrado: “A gente deve ter muito cuidado com quem entra e com quem sai do grupo”. Percebendo que haviam sido desmascarados, logo mudaram o nome do grupo no Whatsaap de ‘Outdoor Traidores PB’ para ‘Molon Labe’.

Assim que a matéria do DP foi compartilhada no grupo direitista, um dos integrantes registrou: “Já dei a minha parte no que eu poderia ajudar. Agora, o que estou achando é o seguinte: a forma como foi criado este grupo (…) a forma de ir colocando pessoas de qualquer forma (…) tenho a certeza de que tem pessoas ligadas a um, a dois ou aos três [em referência aos senadores José Maranhão, Veneziano Vital do Rêgo e Daniela Ribeiro], que entrou no grupo e está fazendo este tipo de coisa (…) Esta notícia aqui é a prova que tem alguém infiltrado no grupo, ou mais de uma pessoa (…) vamos fazer o outdoor, não interessa (…) tem que botar onde bem entender, não tem que estar com medo de nada”.

Um outro bolsonarista complementou: “Na época do impeachment [da presidente Dilma Rousseff (PT)], colocamos vários outdoors eletrônicos com fotos e nomes dos deputados e não tivemos esse tipo de problema”.

Mais um outro direitista acrescentou: “Ninguém aqui está armando um golpe de estado. É uma manifestação apartidária. Agora, você veja que bosta de repórter que botou: ‘imagens de meninos negros’, já numa tendenciosidade flagrante”.

Por fim, o coordenador do grupo estabeleceu: “Galera, vou fazer uma limpeza no grupo. Só ficarão as pessoas que pagaram [a vaquinha do outdoor]. Então, pra facilitar o meu controle, me mandem os comprovantes no meu privado, juntamente com o nome”.

Por segurança, devido ao clima de hostilidade e ameaças, a reportagem do Diário da Paraíba saiu do grupo.

Entenda o caso

Um grupo de direita na Paraíba, que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e que defendia os decretos de liberação das armas, utilizou o Whatsaap para arrecadar dinheiro que seria destinado a atacar, a princípio, as imagens do governador João Azevêdo (PSB), do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e dos três senadores paraibanos: Veneziano Vital do Rêgo (PSB), Daniella Ribeiro (PP) e José Maranhão (MDB).

Eles pretendiam espalhar outdoors por João Pessoa e Campina Grande apontando os cinco políticos como “traidores do povo”, “demonstrando nossa insatisfação com a bancada paraibana no Senado”. No endereço do grupo, eles alertavam que só deveria entrar “quem for contribuir financeiramente”. O fato dos senadores terem votado contra o decreto de Bolsonaro e o governador João Azevêdo ter comemorado o posicionamento do Senado alimentou ainda mais o ódio dos bolsonaristas, que têm em Ricardo Coutinho como um inimigo forte.

De forma exclusiva, a reportagem do Diário da Paraíba conseguiu entrar no grupo e ter acesso a várias informações acerca da manobra em andamento de desqualificação dos políticos paraibanos.

Diário da Paraíba

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3 Comentários

  • Reply Eduardo Rocha 26 de junho de 2019 at 14:17

    Pera ai Major, agora é proibido se manifestar contrario a opinião dos senadores da PB? É proibido cobrar de quem elegemos? É ilegal então se tiver uma vaquinha pra repudiar os parlamentares da PB que por ventura vierem a aprovar a reforma da previdência?

    Rapaz, quem disse que não vivemos numa ditadura? Vivemos sim, ditadura de Esquerda, qualquer pensamento de Direita é sumariamente taxado de racista, machista, facista e outro sem número de ofensas buscando desqualificar quem não reza a cartilha do PT e de outros partidos de vies esquerdista.

  • Reply Aldo 26 de junho de 2019 at 16:04

    Mandar dar uma surra boa é um viés direitista? Violência não. Quem tem que portar arma é quem lida com segurança pública. Vamos privatizar a segurança nossa?

    • Reply Delfos 27 de junho de 2019 at 09:52

      Eles não querem privatizar a segurança pública, não. O que querem mesmo é formar
      batalhões de milicianos, sob o comando deles. E pior: disfarçar a ilegalidade fazendo-a
      parecer “legal”.
      Incrível como eles estão fazendo tudo aquilo que diziam ser “coisas de ditadores” de esquerda.
      Vejamos: 1. acusavam Chaves e Maduro de terem milicias
      2. acusavam os “vermelhos” da China de tolir as manifestações culturais
      3. Cuba de ter um regime repressor
      4. O Morales de ser aliado de bandidos e traficantes
      5. A Rússia acusada de gerar o “marxismo cultural”

      E muitas outras coisas. A lista é bem vasta e variada, mas a cada dia vemos o real perfil
      deles.

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