opinião

Francisco de dona Mariquinha

21 de setembro de 2025

Por Chico Pinto Neto
Na Rua São Severino, em Sousa, na década de 60 e início dos anos 70, existia um chafariz em frente à residência dos irmãos Ramiro e Argemiro, bem ao lado do então campinho de futebol, onde a meninada da rua jogava bola, batia piões, triângulos e bilas.
Antes da casa do professor Ramiro, residia dona Mariquinha, responsável pelo tal chafariz que abastecia os moradores da redondeza, com água de boa qualidade, para consumo humano. Água esta que enchia os potes e jarras de barros, que matavam nossa cede, além de servir para outras utilidades como banhos, para lavar roupas e na limpeza do lar.
Dona Mariquinha era uma senhora magrinha, de média estatura, educada e respeitada por todos, notadamente, por aqueles que iam “pegar” água no chafariz que levava o seu nome, em troca de uma ficha feita de zinco, que custava irrisório valor adquiridas por nossos pais junto à Prefeitura Municipal.
Faço este preâmbulo para lembrar que Dona Mariquinha, criava um neto chamado Francisco a quem dedicava um imenso cuidado, carinho e lhe encaminhava em direção aos valores éticos e morais que o momento exigia.
Esse menino seguiu os conselhos da avó e se transformou em um homem de valor, pai de família exemplar e respeitado por toda sociedade sousense, bem como, por todos que o conheciam no alto Sertão paraibano.
Anos depois o tal menino se transformou num grande profissional da radiofonia do Estado, porém, nesta última sexta-feira, ele foi chamado para a sua morada Eterna, onde se encontra ao lado do Pai Misericordioso e recebendo o carinho saudoso e infinito de dona Mariquinha.
O seu nome batismal foi registrado Francisco Barbosa da Silva, que viria a se transformar profissionalmente, conhecido por “Barbosa da Silva”, nome este, que se tornou referência pelo seu caráter e por ser um dos melhores profissionais do Rádio no Sertão paraibano. Isso, pelo fato, de possuir credibilidade, respeito e de ser criterioso com aquilo que informava.
Por mais de 50 anos, Barbosa da Silva, emprestou o seu talento ao radialismo consciente e responsável. A sua dedicação e profissionalismo era o principal fator que lhes permitia angariar respeito junto à grande galeria de ouvintes e admiradores.
O seu começo profissional foi através da “Voz da Cidade”, uma difusora de poste, pertencente ao bancário Gastão Medeiros, onde apresentava o noticiário local, crônicas e outros programas de caráter musical.
Ao ser inaugurada na vizinha cidade de Cajazeiras, a Difusora Rádio Cajazeiras, berço de grandes profissionais do Rádio paraibano, Barbosa da Silva, foi chamado pelo diretor Mozart de Assis, para compor o plantel da primeira emissora de rádio da região, local onde brilhou como um dos melhores noticiaristas sertanejos, fator este, que lhes permitiu ser querido e admirado naquela cidade, onde, anos depois, foi reconhecido pela Câmara Municipal, com o Título de Cidadão cajazeirense.
Ao ser inaugurada a Rádio Progresso de Sousa, Barbosa da Silva, ao ser convocado por Homero Pires e João Cazé, donos da emissora, teve que voltar à sua cidade Natal para compor o quadro da emissora.
Já feito e tarimbado na profissão comandou por longos 37 anos o setor de Rádio Jornalismo da Progresso onde também apresentava, aos domingos, um programa dedicado ao inesquecível Nelson Gonçalves, de quem era fã e admirador do gênero musical.
Vítima de uma parada cardíaca, aos 79 anos de idade, a cidade de Sousa perdeu, nesta última sexta-feira, uma das suas maiores referências humana e profissional.
Nesta data, partiu em busca do desconhecido o admirável Barbosa da Silva.
Enquanto isso, perdi um grande amigo de infância e colega de profissão, cuja amizade perdurou por longos anos, desde tenra idade e dos bons tempo de infância na Rua São Severino.
Barbosa da Silva, cumpriu com galhardia, respeito e elegância todos os seus 59 anos de profissão. Ao microfone, pela sua paixão profissional dava credibilidade à notícia.
Porém, ao partir, Barbosa nos deixa o seu legado de homem do Rádio e da Comunicação Social. Sem duvidas irá fazer falta nestes tempos espinhosos e de descrédito em alguns setores jornalísticos
O seu profissionalismo servirá de exemplo para novas gerações e ficará registrado na história do Rádio paraibano e, mais ainda, na cidade sorriso.
Parte, mas à sua memória profissional ficará, por muito tempo, viva na história da radiofonia e junto daqueles que têm no rádio uma boa fonte de informação.
Daqui, vai o meu abraço de conforto aos familiares na pessoa do filho Mário Gibson, também radialista que, a partir de agora, será o responsável em levar adiante o bastão, por seguir há bastante tempo, o exemplo e o cabedal profissional do seu inesquecível pai, o digno Barbosa da Silva.

 

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