opinião

Fraude no roubo do Banco Central

15 de outubro de 2023

Marcos Pires

     Lembram do assalto à agencia do Banco Central em Fortaleza? Para os que já eram nascidos em 2005 foi assunto permanente na mídia por muito tempo. Num fim de semana, mais precisamente entre os dias 6 e 7 de agosto daquele ano uma quadrilha percorreu um túnel de oitenta metros de extensão cavado a quatro metros de profundidade que atravessava desde uma casa alugada onde supostamente comercializavam produtos de jardinagem e entraram pelo subsolo da seda local do Banco Central, arrombando o cofre forte de onde teriam levado cerca de 164 milhões de reais. O túnel que cavaram tinha setenta centímetros de diâmetro.

      Os dados oficiais são esses; em 48 horas os ladrões conseguiram transportar a grana que segundo a perícia oficial pesaria 3,5 toneladas e, se empilhada, chegaria a uma altura de mais de 30 metros.

     A história rendeu livro, filme e serie na televisão. Principalmente porque sucessivamente os bandidos foram sendo presos oficialmente ou sequestrados pela banda podre do poder para serem extorquidos e entregarem suas partes do saque a quem deveria proteger a sociedade. Consta que dos tais 164 milhões de reais roubados pouco mais da metade teria sido recuperada. Porém exercendo meu mister de contar histórias na abissal falta do que fazer à qual me dedico, para embasar a narrativa submeti ao conselho superior do setor de investigações da padaria Bonfim uma questão; seria tecnicamente possível transportar três toneladas e meia de pequenos pedaços de papel através de um túnel com 80 metros de extensão e 70 centímetros de diâmetro em apenas 48 horas? Os engenheiros Vicente e Petrônio sacaram suas réguas de cálculos e danaram-se a trabalhar. Foram unânimes em dizer que seria dificílimo deslocar aquele volume pelo estreito espaço em tão pouco tempo, principalmente levando-se em consideração a precariedade da construção do túnel e a necessidade de várias pessoas dentro dele para executarem o serviço, o que na prática diminuiria enormemente a capacidade do fluxo da carga.

     Foi quando o sagaz senhor N., aquele careca perito em assuntos policiais deu a ideia mais crível: “- Balão, eles não roubaram essa grana toda não. Tanto que a polícia só recuperou a metade. Na verdade, a grana que estava no cofre era só essa metade. O resto não existia, devendo ter sido retirada antes e os ladrões serviram para fazer o H”.

     É, pode ser!

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