Cidade

O bar da minha insônia

21 de março de 2025

Uma banda de rock vara a noite ali embaixo. Um bar de estranha performance está em plena efervescência. Mistura ritmos variados durante a semana. Ontem foi forró, mais do meu gosto, hoje é rock. Da janela vejo luzes piscando, gente não consigo ver, é tudo escuro, o bar se parece com aquelas igrejas evangélicas pintadas de preto com luzes psicodélicas enfeiando os palcos.

Já tive vontade de ir ver, mas a patroa proibiu. “Velho enxerido, vai fazer o que lá? Se aquieta que teu tempo passou”, sentenciou dona Cacilda sem dar espaço para a réplica.

Melhor assim, vendo com os olhos e lambendo com a testa fico a imaginar o que tem lá dentro. Gente eu sei que tem. As calçadas da rua estão apinhadas de carros. A turma vem de carro, ouve música, enche os quibas e sai dirigindo por aí. A Lei Seca deu feriado?

Hoje perdi o sono e culpo a abstinência.  Depois da virose veio a recomendação do médico: trégua, principalmente no mé. O antibiótico ainda está na metade. Todo dia, quando pego a caixa conto quantos comprimidos restam. E está rendendo que faz gosto. Pelo menos a gripe deu lugar a esporádicos espirros e o pito deixou de vazar. Dos males, o menor. Não há coisa pior no mundo do que você perder a confiança no fiofó.

A comandante em chefe volta a chamar. Acostumada a me ver nos braços de morfeu toda boca de noite, não está gostando de me sentir fora da cama a essa hora da noite.

Mais tarde eu volto.

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1 Comentário

  • Reply Edmundo dos Santos Costa 22 de março de 2025 at 07:50

    TIÃO, TUAS “ABSTENÇÕES” SÃO EXCERCIDAS EM QUE ÂMBITOS? DONA CACILDA DEU UMA PISTA!

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