opinião

O GARGÂNTUA

2 de novembro de 2025

 

Por GILBERTO CARNEIRO

O GARGÂNTUA suga tudo, hidrocarbonetos, matéria orgânica, tudo; por isso alguns chamam de buraco negro. Os cientistas afirmam que há apenas vida estéril nos planetas que se encontram na órbita gravitacional do Gargântua.

Alguns seres humanos são predadores iguais ao Gargântua. Tudo perverte. Na sua órbita gravitacional, de acordo com seus interesses, anula as pessoas com as quais é obrigado a conviver no seu ambiente de trabalho e social, e faz isso não pela empatia, mas pela coerção, intimidação e assédio. O Gargântua é um narcisista, um sociopata.

O Gargântua vive sozinho no mundo. Sua egocentricidade não lhe permite ter uma família, uma esposa que possa amar e ser amado, filhos que o chamem de pai e possa retribuir os chamando de filhos. Prefere o vazio, por isso uma eterna crise de identidade o persegue. O Gargântua vive uma vida frívola e, sabe disso, então compensa sua carência e sua solidão acumulando no coração uma única sensação que lhe faz bem: o ódio.

Mas dizem que contra o Gargântua existe a lei de Murphy – o que puder acontecer acontecerá. A partir de eventos naturais dar-se- á a evolução. Ouviram falar no buraco da minhoca? A vida na terra em razão das pragas se extinguiria em 30 anos, faltaria comida, água. Uma expedição de cientistas foi encaminhada não a outros planetas do nosso sistema solar, mas a outras galáxias através de um atalho entre as dimensões chamado de buraco da minhoca. Na segunda dimensão encontrada através deste buraco havia doze planetas aparentemente habitáveis que foram sendo descartados um a um, devido à ausência de condições de habitabilidade humana.

Restou um. Um único planeta nas duas dimensões que poderia perpetuar a espécie humana. Mas havia um problema. Este planeta, que seria a salvação da humanidade, ficava muito, muito próximo do Gargântua, portanto um risco muito grande da orbita gravitacional do Gargântua engolir o planeta e sugar as esperanças da humanidade.

Uma equipe corajosa de cientistas foi até o Gargântua tentar sensibilizá-lo a não engolir o planeta. Os cientistas nunca mais voltaram. O Gargântua os devorou. Muitos consideraram um suicídio dos cientistas, mas na realidade foi um sacrifício para salvar a humanidade.

Enquanto os cientistas atraíam o ódio do Gargântua deslumbrado com sua capacidade de fazer o mal, outra equipe de valorosos desbravadores conseguia deslocar a trajetória do planeta habitável para fora do raio de alcance da força gravitacional do Gargântua.

A humanidade estava salva. E o Gargântua por causa das suas maldades ficou sozinho, abandonado, isolado de toda a humanidade, perdido entre as duas dimensões.

É a lei de Murphy – o que puder acontecer, acontecerá.

 

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