opinião

O PADRE

19 de junho de 2023

 

 

Por GILBERTO CARNEIRO

 

AO LONGO da vida minha relação com a Igreja se resumia às missas aos domingos. Não me envolvia com os trabalhos pastorais, embora tenha participado do Encontro de Casais com Cristo – ECC, muito por insistência da minha esposa. Frequentava as missas acompanhando o padre, até pela amizade com alguns, a exemplo de Monsenhor Ivônio, porém não havia aflorado o desejo de me vincular a uma Paróquia.

 

Até que um certo dia fui assistir uma celebração na Igreja matriz da Paróquia Santo Antônio do Menino Deus, no Jardim Cidade Universitária. Não sei ao certo explicar o que aconteceu, mas é como se tivesse sido tocado pelo “espírito santo”. A paróquia possui um conceito aberto para novos missionários e, de repente, eu e minha esposa estávamos envolvidos com as atividades da Igreja, participando das leituras e nos voluntariando para trabalharmos no EJC e ECC, grupos e pastorais, nas festividades para arrecadação de fundos e na trezena de Santo Antônio.

A Igreja é belíssima. Despertou atenção a interlocução da Paróquia com a Comunidade; a frequência e o respeito dos fiéis à Santa Missa, que possui um ritual comovente; o zelo e o compromisso dos Ministros Extraordinário da Comunhão Eucarística e da Palavra; a empatia do pessoal que faz a Acolhida e a Oferta; a simpatia dos Coroinhas e Acólitos; a harmonia do pessoal do Canto; o esmero dos funcionários nos cuidados com a limpeza e manutenção da igreja; o profissionalismo da turma que cuida da transmissão digital da missa; a entrega dos voluntários nas missões para as quais são designados; o engajamento do G5; a desenvoltura e a insustentável leveza do ser expressa na suavidade do Diaconato em perfeita harmonia com a comunidade eclesial e o apoio devotado do vigário, o padre auxiliar.

O pároco, dotado do privilégio de uma voz marcante, canta divinamente. Outra peculiaridade é a reconhecida capacidade de administrar, primando pela eficiência e transparência. Seu jeito inspira autoridade quando transita pela nave da Igreja com homilias reflexivas. Endurece sem perder a ternura, preservando a espontaneidade e humildade. Transmite seriedade nos seus atos, porém com espiritualidade e leveza. Sabe ser rigoroso com os rituais da Celebração da Santa Missa, mas   despojado de qualquer formalidade quando está cuidando dos seus doentes, isso porque nosso cônego da Paróquia também é responsável por administrar um hospital, o PADRE ZÉ, instituição tradicional em nossa cidade e com uma larga folha de serviços prestados ao povo pobre.

 

Seu compromisso com a Paróquia, com o Hospital que administra e com a evangelização dos jovens me fez lembrar de um outro clérigo, o de um filme que conta a história de um padre polonês que desenvolve uma extraordinária relação de amizade e fé com um jovem marginalizado que é obrigado a prestar serviços comunitários no hospital fundado pelo PADRE JOHNNY. O filme traz algumas cenas fortes que causam, a princípio, um certo desconforto, porém a obra prima pela fidelidade aos fatos da vida real, justificando incômodos pontuais. A história, traz em si, uma linda mensagem revelando que o sacerdócio pressupõe perdoar, combater injustiças, enfrentar dificuldades, desigualdades sociais e dedicar-se à preservação e fortalecimento da fé.

Confesso que andava um pouco distante da igreja, não necessariamente de Deus, afinal a espiritualidade pode ser elevada no alto de uma montanha, no íntimo do seu quarto ou na solidão de uma noite de lua cheia, todavia a igreja é uma das instituições seculares que continua exercendo um papel importantíssimo na arte de moldar o ser humano na busca por transformá-lo em uma pessoa melhor e,  mesmo com todas as críticas que lhe possam ser atribuídas, continua sendo um dos espaços mais interessantes que existem para você fazer o bem sem olhar a quem, sem se preocupar com julgamentos alheios.

 

A lição que aprendi é que a Igreja sempre é maior do que os seus grupos. Ela é a família de Deus, o Corpo de Cristo, em que todos têm o seu lugar e a sua importância, porém a interconexão harmoniosa dos sacerdotes com a comunidade e fiéis, abrindo suas portas para novos voluntários, colaboradores, grupos e pastorais é que mantém a Igreja viva. Logo, não posso concluir este manuscrito sem antes agradecer a PADRE EGÍDIO pelo apoio espiritual e fortalecimento da nossa fé, desejando-lhe felicidades pelo seu aniversário no dia de hoje. E que Deus abençoe e santifique seu sacerdócio lhe concedendo vida longa e próspera.

 

 

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.