A maioria dos analistas de política e de economia da Paraíba parece que comeu uma torta inteira de araldite com calda de durepox. O grude colou lábios e imobilizou cérebros. É o que se pode deduzir diante do silêncio ensurdecedor em que permanece a tropa de elite da interpretação jornalística dos fatos frente a uma notícia das mais significativas para o Estado e para a população paraibana.

Refiro-me à classificação da Paraíba entre os 10 Estados mais eficientes do país realizada pelo Ranking de Eficiência dos Estados e divulgada pelo diário “Folha de São Paulo” na edição de 19 de agosto.

Entre os dez mais equilibrados em setores como Saúde, Educação, Infraestrutura e Segurança, a Paraíba ocupa uma posição de honra: o sexto lugar.

Já faz uma semana que as pouquíssimas referências feitas, uns fiapos quase imperceptíveis, permanecem obscurecidas pelo que parece uma crise de fastio diante do prato feito da notícia quentinha, e que interessa a gregos e jaguaribanos.

Nosso Estado ocupa o segundo lugar no Nordeste, atrás apenas de Pernambuco. E o sexto no ranking geral, desbancando potências regionais a exemplo de Bahia e de Pernambuco, e nacionais como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Os faroleiros da urucubaca podem argumentar contra a legitimidade da classificação extraordinária que se trata de um ranking elaborado por empresa privada com interesses específicos em chamar a atenção dos Estados para captar publicidade.

Contra essa linha de raciocínio capenga, lembraria que no ano passado a Paraíba ficou entre os 10 Estados mais competitivos em outro ranking. Dessa vez foi o elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), com sede em São Paulo.

A imprensa então noticiou: “Sobre o ranking – Em sua sexta edição, o Ranking apresenta a análise e capacidade competitiva de todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal, em 66 indicadores, agrupados em 10 pilares. Entre os indicadores, 35 são comparados com dados internacionais de 34 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dez itens analisados são infraestrutura, educação, capital humano, sustentabilidade ambiental, segurança pública, sustentabilidade social, solidez fiscal, potencial de mercado, inovação e eficiência da máquina pública”.

Contra fatos não há argumentos, é o que se diz por aí. Mas contra os fatos é possível impor silêncio. E é isso que está acontecendo. O silêncio dos não tão inocentes contra a efervescência administrativa num Estado cuja economia estava esbagaçada até 2010 é um sintoma negativo de alguma disfunção orgânica. Mas como explicar o mutismo que nos deixa com vergonha alheia?

A razão é simples: fala mais alto a razão politiqueira. Traduzindo: noticiar que o Estado está bem dá visibilidade ao Governo, o que quer dizer Governo de Ricardo Coutinho, o que quer dizer também força eleitoral na disputa pela sucessão governamental na Paraíba. Simples assim.

Por força de opção eleitoral há quem prefira encher a boca de formigas, rifar o próprio nome e a credibilidade do espaço que assina, ou do veículo que mantém, a agir com a responsabilidade que o jornalismo em crise deve manter junto à opinião pública da qual é protagonista.

Pior para quem capitula diante da pressão financeira imediatista ou da hipocrisia de quem vende isenção e entrega omissão. O jornalismo há de resistir nesse quadro adverso. Já algumas reputações…