Uma iniciativa com foco na transformação social está sendo implantada na Comarca de Conceição, no Sertão da Paraíba. Trata-se do Projeto Raízes da Mudança, uma ação de intervenção psicossocial voltada a autores de violência doméstica, desenvolvida por meio de uma parceria entre o Poder Judiciário e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do município. O objetivo é romper o ciclo da violência por meio da reeducação dos agressores e da prevenção da reincidência, promovendo a paz social.
Idealizado pelo juiz Francisco Thiago da Silva Rabelo, titular da Vara Única da Comarca, o projeto busca atuar diretamente nos processos envolvendo a Lei Maria da Penha, unindo forças entre o Judiciário e a rede de assistência social local. “São projetos que buscam atuar diretamente nos processos de violência doméstica. Na condenação, o agressor, dentre as penas, é obrigado a comparecer a um curso no Creas, onde frequentará uma série de aulas voltadas ao combate à violência doméstica. O comparecimento é obrigatório, como parte da pena imposta”, explicou o magistrado.
O projeto é executado pelo Creas por meio do Programa de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), que se responsabiliza por acolher e acompanhar os autores de violência encaminhados pelo Judiciário. O trabalho é conduzido por profissionais das áreas de Serviço Social, Psicologia e Direito, que conduzem os atendimentos tanto em grupo quanto de forma individualizada, conforme a necessidade de cada caso.
A metodologia adotada pelo Raízes da Mudança prevê a formação de grupos reflexivos compostos por homens autores de violência contra a mulher. Os encontros acontecem semanalmente, às quartas-feiras, das 15h às 16h, com duração de oito semanas. Cada encontro aborda um tema específico, combinando atividades educativas e terapêuticas com foco na conscientização, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e enfrentamento das causas da violência.
Entre os temas trabalhados estão: a Lei Maria da Penha e os tipos de violência, machismo estrutural, psicologia da agressão, impactos da dependência química, relações abusivas e a reprodução da violência no ambiente familiar. Em alguns encontros, são utilizados documentários, textos reflexivos e dinâmicas em grupo, proporcionando um espaço seguro de escuta, diálogo e responsabilização.
O projeto visa promover a mudança de comportamento desses indivíduos, reduzir a reincidência, fortalecer vínculos familiares e aumentar a segurança das mulheres vítimas de violência.
Por Lenilson Guedes
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