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As consequências políticas do racha entre Ricardo Coutinho e João Azevedo

21 de agosto de 2019

Por Flávio Lúcio

A resposta à pergunta que dá título a esse artigo é: a nenhum dos dois, sobretudo a Ricardo Coutinho.

Já que alguns jornalistas têm insistido na versão muito pouco crível, e bem ao gosto dos que fazem intrigas, de que Ricardo Coutinho é quem se esforça por provocar o rompimento com o governador João Azevedo, é bom lembrarmos que a única arma que o ex-governador dispõe é a força moral e política de sua liderança, enquanto João Azevedo dispõe, hoje, de toda a máquina administrativa do governo.

Inclusive para transformar indivíduos que, não faz muito, não cansavam de jurar fidelidade a Ricardo Coutinho e agora o desprezam sem nenhum constrangimento, como é o caso do deputado Hervázio Bezerra, só para lembrar um nome entre tantos outros.

Portanto, não cabe a insistência de que Ricardo Coutinho será responsável pelo racha com João Azevedo. Se acontecer, terá sido exclusivamente pela iniciativa do atual governador.

Sejamos sinceros. Por que RC iria empreender esforços na direção de um movimento cujo resultado prático seria transformar em derrota, a  vitória de largo alcance, inclusive histórico, contra as forças oligárquicas da Paraíba, conquistada em 2018?

Se o racha se tornar realidade, Ricardo Coutinho será obrigado a reconhecer a inutilidade dos  esforços feitos por ele ao longo dos oito anos de governo para dar consistência a um projeto político-administrativo que se concretizasse em obras e ações de governo.

Se o racha se tornar realidade, os paraibanos que votaram no candidato apoiado por Ricardo Coutinho, tanto para que o seu governo tivesse continuidade, como para evitar que as forças do atraso, do familismo, do patrimonialismo, do clientelismo voltassem a governar a Paraíba, vão inevitavelmente se perguntar: qual o sentido de ter votado em João Azevedo se, menos de um ano depois de eleito, o atual governador rompe com RC para se aliar com quem o povo derrotou?

Porque um rompimento de João Azevedo com Ricardo Coutinho produziria inevitavelmente uma recomposição das forças políticas no estado. Como a história política da Paraíba é rica em demonstrar, sobretudo em anos recentes de polarização política, continua a não haver espaço para o surgimento de uma terceira via, no caso atual, uma alternativa às forças tradicionais e ao campo progressista hegemonizado pelo PSB.

Se for isso mesmo, talvez alguns assessores mais próximos ao atual governador enxerguem a possibilidade de João Azevedo ocupar o espaço vazio no campo das lideranças conservadoras, todas derrotadas em 2018: Cássio Cunha Lima e José Maranhão sofreram derrotas humilhantes para o governo e para o Senado, respectivamente; e a tais lideranças emergentes (Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues) sequer se encorajaram à disputa. E depois de deixarem os cargos que hoje ocupam, tendem a perder importância política na Paraíba.

Restará a senadora Daniela Ribeiro, a única dessas lideranças que se salvou da avalanche política de 2018, e porque fez uma campanha em faixa própria. Mas, Daniela teria condições de aglutinar toda a oposição em torno de si? As idiossincrasias da família Ribeiro, o apego ao governismo, os vínculos cada vez mais estreitos com Jair Bolsonaro, e, sobretudo, a ausência de um projeto consistente de desenvolvimento para a Paraíba, traço que é comum a toda a oposição, tornaria Daniela Ribeiro uma candidata sem expectativa de vitória.

Tanto quanto se tornaram José Maranhão e Lucélio Cartaxo. Não foi por obra do acaso que Luciano Cartaxo e Romero Rodrigues desistiram de suas candidaturas. Os dois simplesmente reconheceram que não tinham o que dizer ao povo para se contrapor ao projeto liderado por Ricardo Coutinho.

É isso que João Azevedo almeja? Se for, ele deixará o campo de forças políticas que o elegeu e que avança, eleição a eleição, em todo o Nordeste, para se aliar a partidos e a lideranças que, eleição a eleição, tem sido derrotadas?

Se João Azevedo pensar racionalmente, concluirá que o lugar político dele é ao lado de Ricardo Coutinho.

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15 Comentários

  • Reply Chico 21 de agosto de 2019 at 06:32

    A política partidária é um vício que desgasta as pessoas ,João Azevedo,talvez nunca tenha idealizado ser governador e ao ser é tomado por um ego maior do mundo, pra os que trabalharam para elege-lo governador ele engrossou o discurso,mas quando Bolsonaro que descrimina a Paraíba e o chama de ladrão em praça pública fica um cordeirinho mansinho,mansinho,e Hervasio Bezerra que personalidade? mantido por duas legislatura na assembleia sem ter sido eleito mas bata palmas pela traição que foi vítima na eleição da mesa.Ricardo já o ouvi dizer reiterada vezes em entrevistar que não tem medo de remar contra a maré,deixa esse partido pra quem acha que fez tudo ,deixa inclusive a política partidária para os abutres que vivem em função de si próprios vá fazer a verdadeira política que é aquela que fazias antes de assumir cargos públicos . Manda essa turma catar coquinhos no inferno, deixa o bem feitor do governador e do grupo da caneta continuar com o Rosa que é conhecidíssimo da massa e conseguiu até hoje todos os votos que o partido obteve inclusive pra ele que sempre logrou vitórias em todas eleições que concorreu.15 anos comandando o partido e ainda acha pouco.

  • Reply Abenicio Breno 21 de agosto de 2019 at 06:45

    Esse é o pensamento de um ricardista, que não percebeu ainda que o tempo de Ricardo já acabou, a Paraíba agora respira novos ares, João Azevedo é a mudança, e não precisa de apoio de família nenhuma para governar, nem tampouco de Ricardo.

    • Reply Delfos 21 de agosto de 2019 at 13:46

      Fala de um tucano? Assumido ou não?

      Ou será de um cartaxista?

      Na verdade, tanto faz. Dá no mesmo!

  • Reply Santiago 21 de agosto de 2019 at 07:29

    Homi o caba dizer que Joao que tá provocando esse rompimento… piada danada! RC não sabe viver sem alguém baixando a cabeça pro que ele diz e faz… Impressiona um socialista como ele mesmo se intitula fazer o que fez com um presidente de partido ELEITO!!

  • Reply Genival 21 de agosto de 2019 at 09:37

    Eita que os girassóis tão tudo torando aço com medo que o gordinho João Azevedo dê um coice na venta do mago Ricardo e mande ele passear!!!!!!!!!!!

  • Reply Lumière 21 de agosto de 2019 at 09:52

    João Azevedo, assim como a Dilma, é um competentíssimo técnico. mas as nuances da política são bem diferentes.
    Ricardo Coutinho é um EXCELENTE político que sempre soube escolher técnicos competentes para o
    seu staff, e as suas gestões, quer municipal, ou estadual foram exitosas graças à sua visão política que
    sempre priorizava o social e o desenvolvimento.
    João Azevedo tornou-se político pelas mãos de Ricardo Coutinho. Mas, assim como a Dilma, ainda não
    amadureceu politicamente. Se assim ,como a Dilma, tentar se afastar do seu mentor político, pode acabar
    sobrando nas curvas traiçoeiras, e caindo nas garras de “reboques” não confiáveis.

  • Reply Josevaldo 21 de agosto de 2019 at 11:00

    Eu não quero acreditar que João Azevedo queira lançar carreira solo. Por mais que Ricardo queira interferir no governo, João deveria se sentir vaidoso

    • Reply Amgela 21 de agosto de 2019 at 13:53

      Eu não sei, não. Mas vejo muita “mineirice” no comportamento do João Azevedo.
      Come queito e calado!
      E quem adivinhar o que ele pensa, ganha um doce.
      Ou perde o “trem”!

  • Reply paulo Thadeu 21 de agosto de 2019 at 13:01

    Joao Azevedo tá doidinho pra ressuscitar Cassio Cunha Lima. kkkkkkkkkkkkk, é só esperar pra ver.

  • Reply Mercia de Fatima 21 de agosto de 2019 at 13:19

    Se João romper com Ricardo, mostrará que será governador de um mandato só . Afinal o vitorioso projeto da Paraiba foi idealizado e executado por Ricardo. Essa gente em vez de ficar torcendo contra Ricardo, deveria reconhecer seu talento e sua inteligencia frente ao executivo e aprender como se administra frente ao executivo. Que história é essa que o tempo de RC passou, isso é conversa de oposicionista desesperado. Se João agir assim demonstrará que o poder lhe subiu a cabeça- uma pena demonstrava ser tão equilibrado. Mas o poder exerce esse fascinio em muitos, uma pena. Meu voto não terá nunca mais, nem pra vereador. O tempo de RC não acabou, o sol continuará brilhando na Paraiba na figura de nosso melhor governadoŕ. João pegou a faca e o queijo pra governar , todos nós sabemos disso. Que honre o mandato que recebeu de presente.

    • Reply Batista 21 de agosto de 2019 at 22:41

      Não votamos em João pra se aliar com a família ribeiro nem com os Cunha lima..Ganância o nome disso.

  • Reply Eduardo coelho 21 de agosto de 2019 at 22:28

    Eita cabaré

  • Reply Piaba 21 de agosto de 2019 at 22:39

    Fulano traiu sicrano depois se aliou com beltrano que depois se fudeu no final…
    Ricardo não tem sorte de escolher sucessor viu…se isso aconteceu por parte de João será a pior traição da política brasileira.

  • Reply Mercia de Fatima 21 de agosto de 2019 at 23:44

    Genival, falta votos do proprio gordinho pra chutar Ricardo, ele foi eleito com os votos e o trabalho de RC, é bom não esquecer esse pequeno detalhe.

  • Reply Valter Azevedo 22 de agosto de 2019 at 08:52

    Nunca mais voto em João se ele se desvincular do mago.

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