Sem categoria

Com diploma e sem diploma

17 de abril de 2018

Dizem que Lula é analfabeto porque não estudou além do primário. Também o criticam porque não gosta de ler livros. Mas Lula tem visão e é inteligente. Bolsonaro, ao contrário, é burro. Não sabe de nada, mas tem curso superior, o que me leva a concluir que passou filando.

Muitos se formam assim. Tem advogado que dá pena quando se lê a petição do coitado. Não sabe botar acento no lugar certo, pontua errado e escreve torto. Mas é advogado de anel no dedo, fazendo questão de ser chamado de doutor.

Esse negócio de diploma não pode ser visto como sinônimo de bom preparo. Conheço gente que não tem diploma e sabe mais do que muitos doutores.

Gonzaga Rodrigues é o maior cronista da Paraíba e nunca passou do ginasial. Nonato Guedes parece que só tem o segundo grau, mas não vejo um doutor amarrando o sapato dele. Sitônio Pinto passou em cinco vestibulares e nunca concluiu um curso superior, mas inegavelmente é o melhor texto da nossa imprensa.

Quem lembra de Damásio Franca?

Quatro vezes prefeito de João Pessoa e, por derradeiro, Conselheiro do Tribunal de Contas.

Damásio não tinha curso superior. Ao final do mandato como prefeito no Governo de João Agripino ele, que era dono de cartório, procurou o governador e pediu para ser nomeado conselheiro do TCE. João prometeu que faria a nomeação, mas um auxiliar, jurista, lembrou ao governador que a lei exigia do conselheiro a formação em Direito.

João mandou modificar a lei. E a lei passou a ser assim: “Para ser conselheiro, tem que ser formado em direito ou ter experiência administrativa”.

Damásio tinha. E deu conta do recado. Tanto que se aposentou e morreu conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

Aliás, esse negócio de diploma me faz lembrar aquela história da filha de Seu Lino. Ela foi pra São Paulo tirar um diploma. Voltou de lá com um menino sem pai. Certo dia, conversando com uma visita, Seu Lino sentiu sede e pediu, ordenando:

-Deproma, traga aí um copo da água.

Era o neto.

Por isso eu digo que Lula, sem diploma, dá de dez a zero em Bolsonaro, que deve ter um canudo, mas não sabe onde enfiá-lo.

Você pode gostar também

5 Comentários

  • Reply Marreiro 17 de abril de 2018 at 10:46

    Hoje se ver, quase que corriqueiramente, a presença desses paradoxos em nosso cotidiano.
    Não somente estes, mas por falar em advogados, eu já vi escrito por esses profissionais, em seus peticionamentos, a palavra *P E T I S S Ã O* e algumas vezes ter ouvido, em pronunciamentos, a expressão currículo vitái (TAI), isto mesmo, t a i. Enquanto isso, já assisti pessoas que não possuíam o Primário completo discursarem, navegando num português que faziam inveja a muitos doutores.
    Parabéns, Tião, por esta sua manifestação acima, aliás, por todas as demais, como sempre bem escritas.
    Sempre fui seu leitor e admirador, porém não sabia que era casado com uma conterrânea e filha de um amigo, para meu prazer.
    Marreiro

  • Reply Francisco José Gregório 17 de abril de 2018 at 10:48

    Bom dia!
    Muito bom o seu texto. A experiência qualifica de fato que não é preciso ter diploma para ser bom sucedido na vida. Concordo plenamente com o que você escreveu! Amigo! Tião! Parabéns!

  • Reply Candieiro 17 de abril de 2018 at 11:12

    Publicado sábado no Justificando:
    Nem patriota, nem honesto, nem cristão: desmitificando Jair Bolsonaro.
    Otávio Pereira

    O mito nada mais é que uma concepção imaginária, fabulosa, que criamos ao longo da história para sustentarmos nossa vida. Jair Messias Bolsonaro é por muitas e muitos considerado um “mito” por que se enxergam nele, o colocam num patamar de divindade pois acreditam fortemente que ele é tudo aquilo que no fundo sonham ser . Ocorre, no entanto, que esse “mito” tem perna curta.

    Em um vídeo recente, no meio de sua mudança para o PEN — Partido Ecológico Nacional [que terá sua sigla alterada para PATRIOTAS], Jair Bolsonaro afirmou que pretende ser um presidente honesto, cristão e patriota. E não, este discurso não é novidade. Suas quase 3 décadas dentro da política como deputado federal têm sido sustentadas por estes pilares. Ou indo mais longe, a própria ditadura militar de 1964 usou destes “bordões” como base.

    No fim das contas, Bolsonaro e a ditadura militar são lados da mesma moeda. Representantes da ignorância, do fascismo e da violência, que tentam se mascarar usando esses apelos populares como a corrupção, a religião e o amor ao país. E, pra variar, nos dois casos vemos que essas mascaras não encaixam dentro da realidade.

    Como pode um suposto “patriota” votar favorável para que petroleiras estrangeiras explorem nosso pré-sal?

    Há mais de século que o petróleo ganhou importância estratégica para as nações — a exploração do mesmo é um instrumento de interesse nacional que garante não só o desenvolvimento econômico do país mas também o social, principalmente pelos royaltiesvindos de sua exploração (aplicados atualmente no Brasil[no caso do pré-sal] em saúde e educação). Bolsonaro foi a favor de entregar esta nossa riqueza para o estrangeiro.

    Não só o petróleo, o deputado também é a favor que empresas de fora explorem a floresta Amazônica. Numa visita recente em Manaus, o presidenciável criticou o uso da Amazônia pelos indígenas, povos originários da mesma, ao mesmo tempo que afirmava ser preciso buscar “parcerias” com países como os EUA para exploração das riquezas minerais da floresta. Onde está o patriotismo de Bolsonaro?

    E quando vamos ver o manto de honestidade cujo tenta se esconder, é notável que não serve no mesmo. Bolsonaro já foi do PTB, do PP, agora é do PSC e tá de namorico com o PR, todos partidos cobertos até a cabeça por casos corrupção, e que repassam dinheiro do financiamento eleitoral de grandes empresas para ele durante as campanhas; por exemplo, os 200 mil reais da JBS S/A, investigada na operação “Carne Fraca”, em 2014  – em entrevista na Jovem Pan ele explica que devolveu o dinheiro para o partido (que o mandou a mesma quantia logo depois).

    Igualmente, até hoje Jair Bolsonaro, acusado de receber 50 mil reais em propinas no esquema de caixa-dois em Furnas, não conseguiu explicar seu nome envolvido nessa maracutaia. Apesar de negarem, a “Lista de Furnas” teve autenticidade comprovada pela Polícia Federal, que concluiu “que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas”.

    Bem como, recentemente, o renomado fotógrafo Lula Marques conseguiu registrar uma misteriosa conversa do deputado com seu filho, também parlamentar, Eduardo Bolsonaro, no Whatsapp, onde na prosa Jair diz para o filho comprar ”merdas por ai”, mas que não iria o “visitar na Papuda” [prisão do Distrito Federal], e depois fala que se a imprensa descobrir o que ele estava fazendo iriam “comer o fígado” dos dois. Depois deste escândalo, o mesmo tentou justificar dizendo que o filho estava comprando armas na Austrália - historinha muito mal contada e até engraçada por sinal: repentinamente o maior defensor do armamentismo na Câmara dos Deputados iria dizer “compre merdas por ai” por conta de seu filho, que é policial, estar comprando armas? E por que a imprensa “comeria o fígado” de um ex-militar e um policial (agora parlamentares) por qualquer ligação com porte de armas? [Insira aqui aquele meme da Mônica no computador e no monitor escrito: ATA.]

    Falando em armas, Jair Bolsonaro é autor de um decreto legislativo para proibir o uso de armas por fiscais ambientais - afinal, bandido bom é bandido morto, menos seus amigos latifundiários (muitos da bancada do boi) que exploram madeira e criam gado em áreas de proteção ambiental, caçadores, exportadores ilegais de animais silvestres ou multinacionais farmacêuticas praticantes de biopirataria. Criminoso mesmo é quem quer proteger o meio ambiente. Lembrando que o mesmo já foi pego praticando pesca ilegal em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, inclusive enfrentou processo no STF por conta disso (mas infelizmente não deu em nada pelo fato de ser um parlamentar).

    Também, mais recentemente, descobriu-se que ele e seus filhos empregaram diversos familiares em cargos de gabinete na Câmara dos Deputados —- o que pode ser lido pela justiça como nepotismo. Inclusive, a defesa da família é um dos jargões do mesmo quando se trata de sua suposta moral cristã. Mas como pode uma pessoa seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e agir como o deputado age?

    Recentemente, o padre Julio Lancellotti falou em uma de suas pregações que não podemos aceitar Bolsonaro, pois “propõe a violência, o assassinato e o extermínio dos gays [..] de que o homem é melhor do que a mulher e que a mulher tem que ser submissa ao homem, isso é inaceitável no tempo em que nós vivemos“

    E realmente, Jesus Cristo de Nazaré sempre pregou a palavra do amor, do perdão e da empatia. Qualquer pessoa que siga seu evangelho sabe muito bem disso, o famoso evangelho de João 8 que nos conta o caso da adúltera que estava sendo apedrejada é uma amostra explícita sobre como posições que Bolsonaro e tantos outros conservadores defendem vão totalmente contra as pregações de Jesus.

    Mas nada disso importa. Está tudo bem dizer que se visse dois homens se beijando na rua ela iria agredir, que as minorias têm que se curvar às maiorias ou então desaparecerem, que o erro da ditadura militar foi ter matado pouco, ou falar pra uma colega parlamentar duas vezes que só não a estupraria pois ela não merece -  é só se esconder atrás de uma falsa moral cristã, um discurso de patriotismo e parecer cumprir nada mais nada menos que a obrigação de não ser corrupta.

    Já deu para ver o antro de contradições que circunda Bolsonaro, mas, infelizmente, sabemos que a maioria de seus apoios vem de muito mais fundo dentro dessa cova e o combate contra a corrupção e a religião são usados apenas de pretextos, mas enquanto tivermos voz seguiremos denunciando: o mito será desmitificado.

  • Reply Juarez Marques 17 de abril de 2018 at 16:20

    Essa coluna me faz lembrar de um dos livro escrito por Paulo Mariano “Achados e Perdidos da Perdição”, que falava de um discurso do saudoso Gominho, na Câmara de Vereadores que dizia:

    “TEM MUITA BURRO MANDANDO
    NOS HOMENS DE INTELIGÊNCIA.
    QUE AS VEZES CHEGO A PENSAR
    QUE BURRICE É UMA CIÊNCIA”.

    Esse discurso dos anos 70 está atualizadíssimo.

  • Reply Marcelo Herculano 20 de abril de 2018 at 14:02

    Tião,
    Sou teu leitor e admirador, mas, as vezes não sei que lado você está na politica.
    Uma hora critica Lula outra defende…

    Fiquei confuso!

    Marcelo Herculano

  • Deixar uma resposta

    Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.